Capítulo 2
Há alguns dias parecia que o derretimento das calotas polares avançava em ritmo acelerado sobre o planeta terra e que o aquecimento global estava prestes a atingir seu clímax. O sol batia com força total na janela do meu quarto que eu persistia em manter fechada ocultando qualquer sinal de vida no cômodo.
O desânimo começava a tomar conta de mim como em tantos outros verões. A realidade era que para mim os dias finais das férias foram de pura tortura. O calor era tão intenso que já me encontrava à beira de um colapso. O tempo inteiro parecia tenso, mais calado durante os treinos que fui obrigado a comparecer na semana que transcorreu, mais disposto a explosões com outros jogadores quando um errava certo passe de bola e mais impaciente com a ausência de Julia. Detalhe que já me intrigava.
Seus desaparecimentos tornaram-se marca constante nos últimos dias de nossas férias. Geralmente era ela quem me dava forças para suportar aqueles dias irritantes me distraindo com suas piadas sem graça, os CDS que acrescentava a sua coleção ou os livros que eu jamais leria, mas com os quais me bombardeava desde que soubera do meu falso interesse por “Caminhando na Chuva”.
Era o primeiro dia de aula e por mais que as probabilidades estatísticas apontassem meu mau humor naquele dia infeliz, lá estava eu sentado tomando tranquilamente meu café da manhã sentindo aquele cheiro tão agradável de terra molhada e o gorgolejar das gotas ao baterem no telhado. Sim, estava chovendo. Eu não conseguia mudar minha expressão de satisfação e o brilho que estampava meu olhar. Talvez eu até saísse na chuva assim como Túlio para comemorar aquele lindo dia.
- Dill? Está pronto? – disse Karen, minha madrasta, ao entrar na cozinha já pronta para o árduo trabalho de lidar com a louça suja acumulada da noite anterior.
- Calminha. Já tô terminando. - Eu disse com um olhar satisfeito enfiando uma torrada gigantesca na boca. Karen fez uma careta enquanto eu mastigava tranquilamente.
- Julia vai se atrasar por sua causa.
- Ela entende que preciso manter minha saúde com algumas proteínas básicas. – disse com a boca cheia e distribuindo restos de pão à minha frente.
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Eu Nunca...
Fiksi RemajaEu nunca... vi a Aurora Boreal Eu nunca... escalei o Monte Everest Eu nunca... corri sobre pedras chamuscadas (Nem sou maluco a esse ponto) Eu nunca... me equilibrei sobre as muralhas da China Mesmo a ideia sendo incrível! Mas existem certas coisas...