Eu Nunca...

(Continuação)

Karen saltou para trás quando uma pilha de panelas caiu no chão espalhando espuma e restos do jantar para todos os lados. Eu revirei os olhos. Além de desastrada minha madrasta era uma péssima dona de casa, como ela mesmo se denominava. Bufou pegando uma das panelas com uma expressão anojada e a lançando na pia como se estivesse contaminada.

- Só ela entende você... – disse voltando novamente sua atenção para mim. Estava com um péssimo humor. - e anda logo que eu tenho muitas coisas pra fazer.

- Cozinhar, passar, lavar...

- Coisinhas que você não faz, meu caro. Pelo menos vê se arruma seu quarto quando chegar.

Karen surgira há alguns anos na minha vida. Os olhares de meu pai e minha babá na sala de jantar jamais passariam despercebidos por mim – e qualquer pessoa que os conhecesse -, assim como os sorrisos gentis, Karen ter passado a ficar mais tempo em nossa casa ou os beijos de despedida que eu constantemente flagrava.    

            As coisas não foram fáceis no começo. Nada é. Mas ela tentou de todas as maneiras ser uma madrasta-amiga e até que não foi ruim ter alguém que me ajudasse com os deveres. Tivemos um período de paz e Laura nasceu um ano depois em meio a minha nova e agradável família.