(Continuação)

318 17 0
                                        

- Dill?

- Que, Karen?

- Alôooooo, terra chamando Dillan! Acorda doidinho, sou eu... Julia.

- Ah!  – disse olhando para as folhas azuis mal coladas nas paredes da Escola Martinha Assis. 

            Nossa escola era uma das poucas escolas públicas com certo renome no quesito educação do estado. O colégio era enorme com duas gigantescas quadras de esporte, um ginásio bem distribuído e quatro quarteirões de dois andares. As janelas eram estreitas e as portas de todas as salas de aula eram vermelhas berrantes em contraste com as paredes azuladas. Era tudo bastante simpático e ordenado, menos o jardim e os pomares que o diretor tinha esperanças em cultivar e jamais passavam despercebidos aos olhos dos garotos esfomeados na volta da escola e sedentos pelas maçãs divinas ou os botões de rosa em desenvolvimento que encantavam as meninas do jardim de infância. Sorri quando uma garotinha passou por mim com uma flor no cabelo e voltei minha atenção para Julia que tinha um olhar muito preocupado.

- Que foi?

- Ficamos em turmas diferentes.

- É? – perguntei procurando a minha turma com desgosto. – Droga!

            Eu e Julia estudávamos quase todos os anos juntos e aquele era o nosso último ano no ensino médio. Seria legal se terminássemos a escola na mesma turma. E não seria nada mal ter Julia como dupla nos trabalhos de matemática.

- Talvez faça bem nos separarmos por um tempo.

- Por quê? – perguntei já me desvencilhando do grupo de alunos ao nosso redor.

- Ah, Dillan! Deixa de ser bobo. Mudanças às vezes são para o nosso bem e não vai ser o fim do mundo não estudarmos juntos esse ano. – eu fiz cara de emburrado. - Espera um pouco, já volto. – disse sumindo no meio da multidão outra vez.

            Olhei impaciente ao redor. Iríamos nos atrasar.

- O que foi fazer? – perguntei quando ela conseguiu se livrar da aglomeração e veio em minha direção com um olhar esquisito.

- Ah...! Fui ver se a Céli tá na minha turma.

- E então?

            Ela me encarou, parecia distante. Então disse:

- Depois nos falamos, Dillan.

Eu Nunca...Onde histórias criam vida. Descubra agora