(Continuação)

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- Hum?

- É. Feche os olhos.

- Tudo bem, desde que não me empurre. Só não sei como isso vai me ajudar.

- Feche os olhos. - disse ela com mais firmeza sem perder o tom calmo da voz. - Respire. Imagine um lugar que você gostaria de estar. Qualquer um...

O garoto pela primeira vez deixou o olhar de hesitação de lado e riu. Sua risada era boa de ouvir, fez Julia sorrir também.

- Isso é sério?

- É.

- Preciso sair daqui e você tá querendo bancar a psicól...

- Se você não colaborar eu vou embora. Tá vendo mais alguém aqui na praça pra te ajudar?

Ele concordou e fechou os olhos.

- Imagine você nesse lugar. O que tá vendo?

Ele esboçou um sorriso, o que revelou uma covinha no canto esquerdo da sua bochecha. Ela desviou os olhos por um instante daquele sujeito estranho. Bagunçou o cabelo nervosamente enquanto esperava sua resposta. Pensou que eu tinha razão em não querer sair lá fora. O sol estava escaldante. Então repreendeu a si por pensar em mim e voltou a se concentrar no forasteiro esquisito e seu problema.

- Terra. Muita terra. – ele respondeu a tirando de seus devaneios.

- Você deve estar de brincadeira... – ela falou furiosa já deixando seu posto de salva-vidas e o ignorando.

Ele largou uma das mãos que segurava a grade e agarrou o gorro da blusa que ela vestia.

- Ai! - disse ela voltando-se novamente. Mas não perdendo a oportunidade segurou de reflexo sua mão. Ele a encarou. Os olhos ainda em pânico. – Sai daí agora! – ela ordenou com um olhar zangado.

- Não dá.

- Tô segurando a sua mão. Vai logo.

Eu Nunca...Onde histórias criam vida. Descubra agora