Capítulo 11

165 11 0
                                    

 As luzes eram fracas – o suficiente para dar uma aparência mais depressivamente acolhedora ao lugar que estava bastante aquecido devido uma lareira rústica num canto - e uma melodia suave tomava conta do bar. As pessoas que estavam ali eram poucas e o silêncio a não ser pelo som da música era um tanto perturbador.

Olhei aflito para uma garota encolhida em um canto que me fulminava com o olhar. Estava tão inquieta quanto eu e bebia uma limonada para passar o tempo.

- Desculpa, mas a reunião da banda atrasou e eu não podia sair... - Peguei o capuz do canguru e cobri o que pude do rosto.

- Por que tá se escondendo? - perguntou ela com um quê de preocupação na voz.

- Devia fazer o mesmo.

- Como assim?

Eu sussurrava, e isso me deixava mais angustiado.

- Por que estamos nesse bar, Dill? O que houve?

- O Marcelo...

- Marcelo?

- Schiii! - eu disse. Em seguida a tranquilizei, mas por pouco tempo. Era necessário contar o que eu ouvira na sala do teatro.

- Então é real. Realmente tem alguma coisa errada acontecendo no time, com o time ou sobre o time. Vou acabar com aquele treinador! Mas precisamos falar com o Tchelo.

- Nós vamos, Céli. - disse a corrigindo. - Mas não vamos pedir nada ao Marcelo. Será que não percebeu que os caras não são nada cordiais? E sabem de nós. Tchelo não vai contar nada. Vai proteger você. – Céli corou. - Duvido que eu tenha qualquer oportunidade de pegar a mochila de Pedro e pensei em outra coisa. Acho que eles não estão sozinhos nisso.

- Tá supondo o que?

- Acho que eles estão metidos com alguém que não quer aparecer. O treinador parecia com medo e o pai de Pedro tá falido. De onde surgiu grana, Céli? Porque seja lá em que estão metidos pra fazer o time da nossa escola ganhar os campeonatos existe alguma grana. E quem seria capaz de detonar com a vida de alguém por isso? Por que os jogos são tão importantes?

- E se estiverem blefando?

- E se não estiverem?

- Que seja, mas não temos nada para começar uma investigação.

- Ai é que você se engana. Eu sei o que é B.E.

Ouvimos um Hum-hum ao nosso lado. E fizemos silêncio imediatamente, mas em seguida percebemos que quem nos interrompera fora o garçom, barman ou dono do Pub, sei lá.

- Vai querer alguma coisa hoje, meu jovem?

- Parece que é intimo do lugar. - comentou Céli.

- Na verdade fazia um bom tempo que o Sr. Dillan não aparecia por aqui. - disse ele respondendo por mim, mas com um sorriso agradável. - Talvez as coisas tenham melhorado, não é monsieur?

O velhinho simpático era esperto o suficiente para me ajudar nos meus momentos tórridos de depressão. Acredito que todos os garçons sejam um pouco psicólogos, principalmente carinhas boa praça e pacientes como esse camarada. O engraçado era que eu não lembrava de ter dito o meu nome à ele.

- É. - respondi sorrindo. - Pode me trazer uma limonada também. Obrigado.

- Como descobriu o que é B.E? - disse Céli assim que o barman se afastara o suficiente.

- Meio óbvio. Essa palavra não sai da boca de todos os alunos e professores da escola! Eu estive observando os cartazes e as campanhas pro mês que vêm. Qual o motivo desses testes relâmpagos e difíceis pra caramba que os professores tem passado no último mês? Por que tantas alternativas extracurriculares e uma festa que vai substituir a formatura em plena primavera? Qual é o motivo que tem deixado a escola toda numa tensão de matar nos últimos quatro meses?

Eu Nunca...Onde histórias criam vida. Descubra agora