Dei uma desculpa qualquer para Mel e saí rapidamente do salão tentando imaginar maneiras de chegar até outro cômodo. Pensei nas cenas de filmes, talvez pudesse usar um daqueles uniformes de garçons e me infiltrar na cozinha da casa, mas voltando a vida real seria difícil passar despercebido. O pessoal que estava servindo eram todos contratados e se conheciam. Me dirigi até a sacada outra vez. Será que eu realmente era idiota para tentar qualquer malabarismo?
- Dillan, você tá louco? – ouvi alguém atrás de mim dizer.
- Dá o fora Julia...
- Tá pensando em se matar agora?
Ela perguntou enquanto eu me equilibrava.
- Por quê? Você sentiria minha falta?
- Desce já daí.
- Não.
- Dill!
Não podia vê-la. Qualquer descuido e eu cairia lá embaixo.
- O que tá fazendo?
- Tentando chegar ao andar de cima.
- E não acha mais inteligente usar as escadas?
A ignorei e estudei a sacada de cima. Parecia distante, mas se eu me agarrasse naquelas plantas estranhas na parede quem sabe...
- Dill?
- Mandei você me deixar em paz Julia.
- E eu não vou... – ouvi passos e logo a vi se equilibrando na sacada ao meu lado.
- Dá pra sair daí Julia? Você tá me deixando nervoso. – eu disse quando a vi mal conseguindo equilibrar o salto sobre o parapeito estreito.
- Acho que agora você me entende. Qual é o plano?
- Desça. – eu disse começando a me irritar.
- Só se você descer primeiro.
- Shiiii. – eu disse. – Ouviu isso?
- O que?
- Isso. Vozes.
O som vinha fraco no andar de cima. Precisava subir até lá. Olhei para as plantas e sem pensar muito a respeito me atirei. Julia soltou um grito agudo que eu esperava que não tivessem ouvido. Me agarrei nos galhos que logo descobri serem madeira, umas espécie de decoração que pareceu me sustentar. Subi amedrontado e me pendurei na sacada de cima.
- Dill?
- Tá tudo bem. – sussurrei.
As luzes daquele cômodo estavam acesas, mas estava vazio. De onde vieram as vozes? Corri até a escrivaninha a procura de qualquer coisa. Tentei o computador, mas ele exigia uma senha. Tentei também alguns dígitos, mas era óbvio que eu não iria conseguir.
Achei um bloco de anotações perto do telefone. Havia um número e um site anotados. Meti a folha no meu bolso e fui em direção a porta. Trancada. Forcei algumas vezes. Nada. Voltei ao computador e tentei outras senhas sem sucesso. Precisava conseguir mais informações que um site e um telefone.
- VOCÊS FIZERAM O QUÊ? – ouvi gritos vindo do cômodo ao lado. – E o garoto? Ele sumiu? Vocês são uns idiotas! Isso já deve ter chegado aos ouvidos da polícia. NÃO. Pelo amor de Deus não tentem mais nada.
Busquei ouvir algo mais, mas não havia mais nada. Apenas silêncio e então passos em direção à porta e o barulho de chaves na fechadura. Corri para a sacada, o coração aos saltos enquanto a porta era aberta sem qualquer delicadeza.

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Eu Nunca...
Teen FictionEu nunca... vi a Aurora Boreal Eu nunca... escalei o Monte Everest Eu nunca... corri sobre pedras chamuscadas (Nem sou maluco a esse ponto) Eu nunca... me equilibrei sobre as muralhas da China Mesmo a ideia sendo incrível! Mas existem certas coisas...