Capítulo 5

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Até que arrumar o meu quarto não era exatamente uma coisa ruim, – algumas
vezes – mas passar as férias inteiras de verão escondido naquele lugar revelou-se uma
péssima ideia. O lugar estava nojento. Encontrei uns nove pares de meias sujas embaixo da
cama, sem mencionar o número de pratos e copos usados que estavam ali há mais de dois
meses. Depois de algum trabalho - pratos e copos na lavadora de louças, meias e roupas
sujas na máquina de lavar - consegui deixá-lo com uma aparência aceitável.
- Uau!
- Oi Laurinha! Por que o espanto?
- Nunca limpa o quarto.
Era engraçado vê-la com aquele olhar desconfiado me observando da porta do meu
quarto. Laura era uma garota muito pequena para a idade e seus cabelos volumosos e
ruivos davam uma impressão autoritária ao seu rosto, mas quando você passava
realmente a conhecê-la descobria que não era mera impressão. Laura era a garotinha mais
mandona e temperamental que eu conhecia. Como todos os Martins.
- Não vai pra escola hoje?
- Não. Reunião de professores.
- Hoje?
- E o que tem de especial hoje?
- Tudo bem. – eu disse suspirando. – Precisamos conversar então...
- Quem é a garota?
- Garota?
- Você nunca arruma seu quarto, nem quando Julia vem aqui. Às vezes me pergunto se ela
realmente é uma garota, mas enfim... alguma menina idiota e sem cérebro deve estar a
caminho.
- Você às vezes é muito sinistra. – falei, mas eu sorria. - Mas é o seguinte: Tenho que ajudar
uma garota da escola a fazer um trabalho, o que significa que ela não é sem cérebro.
- Não é muito inteligente. Ela procurou a sua ajuda. – revirei os olhos. – Mas não se
preocupe. Manterei distância.
- Valeu!
- Adeus, Dillan. – disse isso e saiu. Laura estava zangada.
Havia preparado suco de laranja e comprado biscoito recheado para comermos
enquanto fazíamos o tal trabalho. Já tinha levado tudo para o meu quarto e também já o
havia revisado várias vezes para ver se estava aceitável do ponto de vista feminino. Mas
como eu podia saber se geralmente só uma garota entrava lá - Julia - e ela nunca me dizia
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nada a respeito?
- Dillan? – ouvi uma voz me chamar e então olhei em direção a porta. - Sua irmã me
indicou o caminho e disse pra entrar sem bater...

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