(Continuação)

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Dia 21 de fevereiro, 15h30min. Praça central.

Quando éramos crianças, Julia e eu tínhamos esse tal hábito de nos refugiar em uma praça no centro da cidade quando qualquer dos dois precisasse de abrigo. Não muita gente costumava ir lá. E aqueles que iam, - os que geralmente alimentavam os pássaros, ou turistas. - não tinham a intenção de nos incomodar. Era o nosso point quando precisávamos desabafar, conversar ou relaxar.

Hoje eu tinha a plena certeza de que não seria diferente...

Julia achava-se mais ou menos como eu previa: Chutando uma pedra pelo caminho, pisando nas folhas secas no canteiro da rua a escutar o som que faziam ao serem pisadas com seus fones em ação.

Havia um lago protegido por um cercado com um aviso à alguns metros de distância. Julia caminhou então lentamente naquela direção passando seus olhos encantadores por cada milímetro do lugar, mas seu olhar se concentrou num indivíduo do outro lado do lago que se dependurava no cercado, equilibrando-se justamente na placa que avisava: “Mantenha distância”.

Ela olhou mais uma vez ao redor da praça a minha procura ainda com esperanças de que eu saísse de casa enquanto o turista pulava o cercado equilibrando-se nos centímetros de terra que existia entre o gramado e a água. Ela não podia deixar de imaginar o que aquele maluco estaria fazendo.

- PODE ME AJUDAR? - gritou ele percebendo que ela era a única pessoa naquela praça deserta. – Eu vou cair na água.

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