Perdas são complexas e eu jamais me acostumei com mudanças. Disseram que um dia eu apenas me afastaria das pessoas que amo, que amizade entre homens e mulheres não existe, que às pessoas me decepcionariam e que minha vida no ensino médio seria apenas lembrança. Mas não foi exatamente assim que aconteceu.
Tentei me conformar com o fato de que Marcelo havia partido e conviver com o silêncio de Céli naqueles dias. Era difícil entender por que tentaram matar Tchelo e a maneira como ele fugiu no dia seguinte. Eu sabia que ele estava bem. Apenas com um braço quebrado, mas não sabia onde estava ou quando voltaria. Sabia apenas que era estranho ver uma placa de VENDE-SE em frente à sua casa durante os três dias que se passaram sem ele na escola.
4 de agosto, Sexta-feira. 18h. Casa de Dillan
- Uau! – disse Laura quando me viu descer as escadas.
Até que eu não estava nada mal com aquele uniforme estilo 007. Ajeitei a gravata borboleta – ridícula – do smoking e dei uma bagunçada no cabelo que tinha uma aparência muito melhor depois do corte e sem toda aquela tinta verde.
- Você tá quase bonito! – completou Laura.
- Obrigado. – perguntei em dúvida se aquilo havia sido um elogio.
- Você está lindo! – disse Karen ao entrar na sala acompanhada de Sofia que sorriu para mim. – Quem é a garota?
- Mel do clube de ciências.
As meninas pareceram decepcionadas.
- O que foi? – perguntei.
- Achamos que fosse levar Julia. – disse Laura respondendo por todas.
- Ah! – fiquei embaraçado e pensei no que ia dizer. Acho que a verdade. - Não... Julia vai com outra pessoa.
- Julia tem um namorado? – perguntou Karen parecendo surpresa.
- Não é um namorado. – respondi irritado. – É só um cara idiota.
- Que a convidou primeiro... – completou Karen irônica.
- Eu fui convidado pela Mel e tô muito feliz de ir com ela. Agora me desculpem garotas, mas preciso ir.
- Boa festa! – disse Karen sorrindo.
- E não esqueça de tirar Julia para dançar. – lembrou Laura.
Apenas sorri e saí em direção ao ponto de ônibus. As pessoas estavam me observando de maneira estranha, o que era costumeiro. Era verdade que eu estava um gato, mas um cara de smoking em um transporte público parecia algo meio ridículo, mas eu não liguei. Estava sem grana para um táxi.
Cheguei na casa de Mel mais cedo do que planejado sem saber exatamente como me comportar a seguir. Olhei para a mansão enorme e apertei o interfone. Alguém perguntou o meu nome e logo depois abriu o portão de entrada. Caminhei apressado olhando para o jardim gigantesco e a enormidade do local. Depois de certo tempo me aproximei da casa e encontrei alguém me esperando no hall de entrada.
- Olá. – disse uma senhora baixa e gorducha com um olhar simpático. – Dillan Martins?
Não. Sou um maníaco, pensei. Mas achei que a mulher não parecia afim de brincadeiras.
- Sim. E a senhora é?
- Nora. Sou a governanta.
Tive que controlar minha expressão chocada. Eles tinham uma governanta? Uau! Tentei me comportar o mais normalmente possível, feliz por não ter levado adiante a brincadeira terrorista, eles deviam ter seguranças na casa.
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Eu Nunca...
Teen FictionEu nunca... vi a Aurora Boreal Eu nunca... escalei o Monte Everest Eu nunca... corri sobre pedras chamuscadas (Nem sou maluco a esse ponto) Eu nunca... me equilibrei sobre as muralhas da China Mesmo a ideia sendo incrível! Mas existem certas coisas...