(Cont.)

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- Que outro... idiota... tem na turma da Julia? – perguntou Marcelo tentando tomar fôlego.

- Diego.

Diego era o garoto mais esnobe e estúpido que eu conhecia. E tinha uma queda por Sara. Imperdoável.

- E por que ele fez isso se não precisamos de mais ninguém no time?

- Talvez pela mania do Diego de decorar o nome de pessoas importantes ou por talvez o Carioca ter mencionado que o pai dele é o novo sócio do banco central.

Quarta-feira, 23h12min. Praça central

- Pois é, eles brigaram o dia inteiro. Meu pai voltou hoje e Laura estava tão feliz, sabe? Lembra daquele papo do meu pai sobre a minha madrasta não trabalhar e tal? – Julia assentiu. – Karen conseguiu um emprego. O que é justo. Ela fez aquele curso de administração e se esforçou tanto. Mas meu pai me deixa louco. Às vezes é ótimo quando ele tá na transportadora em São Paulo. Pelo menos não temos brigas em casa. A pior parte foi quando o tio Tom se intrometeu. Ele é um maluco, mas é gente boa. Meu pai só não suporta ele morar na nossa casa e nunca arranjar um trabalho. – eu suspirei. Meu dia em casa fora um desastre.

Meu pai era um cara bacana, com um trabalho que o prendia o tempo todo fora da cidade, mas toda aquela ausência e depois sua presença repentina sufocava.

- Não tô afim de voltar pra casa.

A noite estava clara e um vento gostoso batia em nós dois. Julia e eu estávamos ali há algum tempo sentados nos bancos vazios da praça como psicóloga e paciente observando o céu estrelado. Depois do começo da discussão eu convidara Julia para ficar um tempo lá comigo.

- Mas você tem que voltar. Não pode deixar Laura sozinha, a não ser que queira ficar dormindo nessa praça e ir com a mesma roupa pra escola amanhã.

- O que tem minha roupa? – perguntei a observando pelo canto do olho.

- Ok. Mas e o seu cabelo? E ninguém merece ter que sentir o seu bafo amanhã de manhã. O que vão pensar do garoto mais bonito da escola?

Ela não podia deixar de me convencer com aqueles argumentos, mas será que Julia realmente me achava o garoto mais bonito da escola? Julia?

- Você tem razão. - disse me sentando no banco. – E como foi o seu dia?

Julia suspirou. Estava sorridente, parecia bem naquela noite.

- Tem essa coisa da atividade obrigatória. Fiquei a manhã toda pensando nisso, no que vou fazer e não tive muitas ideias. – disse desanimada. – A aula foi sei lá... boa, Céli tá na minha turma e a gente passou a manhã toda conversando e fugindo do Marcelo. – eu sorri. - Hermógenes tentou controlar a turma, mas tava todo mundo eufórico demais com... – ela parou de supetão e encarou o lago. – com a volta às aulas.

- E com o pirralho carioca.

Ela voltou seu olhar para mim, dessa vez curiosa.

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