Eu Nunca...

Prólogo

Um dos últimos dias de um verão fervoroso. Não só pelo aquecimento regional que se dá nesse devido período do ano, mas pela agitação do espírito e do corpo que se passa nessa época.

O êxtase do ser domina o cérebro de cada adolescente e só o que se vê quando um encara o outro é a energia que ele expira. A melhor época do ano e talvez o melhor dia do ano seja hoje enquanto estou aqui trancado no meu quarto lendo “Caminhando na Chuva” e pela primeira vez aprendendo a apreciar essa instabilidade do tempo.

            Detesto o verão e isto é um fato. As garotas me observam com mais descaramento do que normalmente e me obrigo a colocar roupas que expõem algumas dádivas que Deus me deu e outras que adquiri com o tempo. Não sou o tipo de garoto que se Ama. Não mesmo. Apesar de ter um físico aceitável, olhos castanho-acinzentados e estreitos, cabelos pretos escorridos e ser um cara que nos anos sessenta chamariam de formidável e hoje em dia popularmente o que chamam de O cara. Eu me detesto nessa época do ano. Me sinto estranho com tantas desconhecidas me encarando. Como um E.T...ah, claro! Um E.T. bonito.

 Também detesto ser popular. Não sou um norte-americano decidido a assumir essa posição. Prefiro apenas ser um conhecido... de todos. Venho evitando esse fardo há alguns anos.

            E... hum... Ah! Eu ia me esquecendo, me chamo Dillan Martins – graças a  minha mãe e sua obcessão por filmes estrangeiros - e tenho dezessete anos. Estudo em uma escola pública na cidade de Canela numa das regiões mais frias e turísticas do Rio Grande do Sul e estou no último ano do ensino médio.