CAPÍTULO 3

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Praia. Como eu amo a praia. Não só pelo fato de aos dias de semana estar vazia, mas pelo fato de fazer com que eu consiga esfriar minha mente. Colocar os pensamentos em ordem, também.

Diante de tantos dias de show para conseguir uma boa renda no final do mês, eu e os meninos quase não tivemos tempo de descansar.

As vezes, ou na maioria das vezes eu me sentia um peso para os garotos, como se eu estivesse obrigando eles a realizar um sonho que não é deles, e sim meu.

Jorge trabalha ajudando seu pai na oficina e meu primo trabalha fazendo bicos pra tentar se sustentar e viver parcialmente bem.

E eu? Bom, por enquanto apenas sonho e estudo. Mesmo com dezenove anos na cara. Ainda não tive a sorte de achar um bom emprego, então na maioria das vezes eu desenho as pessoas e em troca dos desenhos eu ganho umas gorjetas. Não é muito, porém da para eu tentar não usufruir tanto da aposentadoria da minha vó.

Mesmo morando apenas nós duas, eu ainda sim me sinto um peso na vida dela. Ja ela, faz questão de me dizer e mostar todos os dias o quanto me ama e como eu pareço com minha mãe, sua falecida filha.

A perda de um filho é irreparável, ainda mais sendo seu filho caçula. E quando minha mãe morreu, foi assim, uma dor e um vazio que não poderiam ser preenchidos por nada, os acontecimentos que ocorreram depois também deixaram ainda mais um vazio, só que dessa vez em mim.

Quando dou conta meus rosto está molhado por pequenas lágrimas que insistiam em cair. Enxugo as lágrimas e levando da pedra que estava sentada.

Retiro minha blusa ficando apenas com a parte de cima do biquíni, sem tirar os shorts corro para o mar, mergulhando e tirando todo aquele cansaço de mim.

Vir a praia era uma das minhas terapias, onde tudo era silencioso, apenas o barulho do mar, que acalmava o coração de uma forma leve.

Aproveito um bom tempo mergulhando no mar e por fim observo o por do sol ainda dentro do mar. Aquela era uma visão única.

Saio do mar e visto minha preta manga comprida novamente, calço minhas sandálias e vou em direção ao ponto de ônibus. Estava quase dando seis da noite e minha vó ja devia estar preocupada.

Sigo em direção a faixa de pedestre, mas quando vou atravessar ouço uma buzina de moto, pelo susto acabo caindo.

- Droga. - falo tentando me levantar, porém uma ardência no joelho faz eu ficar do mesmo jeito que estava.

- Você se machucou? - o moto boy pergunta, encostando a moto e descendo da mesma.

- Acho que sim.--não consegui olha-lo de primeira, pois havia muitas luzes de portes e carros.

- Deixa eu tentar te ajudar. - não pude dar uma resposta, apenas senti meu corpo ser carregado até um banco ali próximo - Você 'tava na praia?

- Sim, por quê? - quando eu olhei pro homem, percebi que não era ninguém mais e ninguém menos que o baterista da banda Utopia.

- Seu cabelo ta molhado e sua blusa também - ele me encarou por alguns segundos, mas seguiu seu olhar para o meu joelho - Droga, você se machucou e esse sal que ta no seu corpo não vai ajudar em nada.

- Sem problemas, quando eu chegar em casa eu faço um curativo - tentei ser simpática, mas por dentro estava uma pilha de nervos. Não é todo dia que se é quase atropelada pelo baterista da banda que você é fã.

- Negativo, vem - ele me puxou pelo braço suavemente. - consegue andar até a moto? - olhei para ele confusa por alguns segundos, mas apenas acenti e tentei não demostrar o quando aquilo tava ardendo.

𝐄𝐍𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐇𝐎𝐔𝐕𝐄𝐑 𝐒𝐎𝐋, sérgio reoliOnde histórias criam vida. Descubra agora