CAPÍTULO 22

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SÉRGIO REOLI

— Hoje o show vai ser massa demais. — Dinho falou, praticamente pulando no banco da van.

Todos estavam eufóricos para mais um show. Porém, alguém estava muito estranha para o meu gosto.

Helena ia toda calada, olhando a paisagem na janela. Geralmente ela era mais falante, e sempre estava brincando com Samuel ou rindo .

Enquanto os outros estavam brincando entre si, me aproximei lentamente dela, tocando seu ombro.

— Helena... — ela parecia perdida em pensamentos, apenas me encarou quando chamei seu nome.

— Oi. — falou passando a mão pelos cabelos.

— To sentindo você tão estranha hoje. — puxei ela para mais perto, passando meu braço por seus ombros.

— Eu não sei se aqui é um momento muito bom pra gente conversar...— ela falou, brincando com a correntinha que eu usava no pescoço.

— Assim que a gente tiver um tempinho a sós, a gente conversa, promete?

— prometo.

Seguimos o caminhos abraçados, arrisco em dizer que ela tirou uns cochilos no meu colo. Parecia não ter dormido muito bem a noite...

Passou uns vinte minutos, e já estávamos no local do show. Que por sinal, estava lotado. A van foi até uma parte que era mais calma, que a multidão não iria empurrar a gente nem nada.

Helena desceu primeiro, mas logo me coloquei ao lado dela também. Queria que tivéssemos um tempo a sós logo, pois queria conversar, queria saber o que se passava em sua cabeça, que havia deixado ela tão aérea e perdida em pensamentos.

Passei meus braços por seu ombros e ela passou os dela pela minha cintura, ficamos abraçados novamente. Esperamos os meninos descerem e seguimos até o camarim, onde iríamos trocar de roupa e comer algo antes do show.

Já estava ficando escuro, e aos poucos aquele lugar ia se enchendo, com os fãs entrando ali, gritando por nós, com placas, faixas, camisas personalizadas, fotos nossas em cartazes enormes. Era tão bom ver e sentir aquilo!

Logo começamos a nos vestir, com roupa de Chapolin. Estávamos engraçados com aquela roupa.

Mesmo todos rindo com aquela fantasia, Helena apenas dava pequenos risos, sem aquela sua alegria de todos os shows.

Para tentar anima-la, fui até a parte onde tinham algumas comidas postas sobre a mesa, procurei por algo que achei que agradaria ela. Logo avistei brigadeiros ali, sabia que ela gostava de doces.

Peguei três brigadeiros e levei até ela, que estava sentada em um sofá no canto do camarim, arrumando os tênis.

— Trouxe pra você.

Ela me olhou, ainda arrumando os sapatos. Depois de viu os brigadeiros em minha mão, deu um sorriso, talvez aquele fosse o primeiro sorriso sincero que ela deu naquele dia. Logo uma sensação de quentura se instalou em meu peito.

Estava feliz por lhe ter feito sorrir.

— Obrigada, Sérgio! — ela levantou do sofá e praticamente pulou para me abraçar, quase fazendo-me derrubar os brigadeiros.

Depois de pegar os brigadeiros, ela se sentou de volta no sofá, aproveitei para me sentar ao seu lado. Os outros estavam se satisfazendo com as guloseimas que tinham deixado para nós ali.

— Acha que seria um bom momento para conversar? — perguntei, terminando de comer o brigadeiro.

Helena parecia um tanto receosa em conversar, suas pernas não paravam de balança e ela nem se quer colocou um brigadeiro na boca.

— Eu quero muito conversar com você, Sérgio... Mas é que eu vou precisar de coragem. Esse assunto é o assunto mais delicado que eu tenho na minha vida, ninguém sabe...

Agora era eu quem estava nervoso. O que era tão importante assim da vida dela para ninguém saber? Eu seria sortudo por ela querer conversar comigo sobre isso?

— Helena, tá tudo bem. Eu sei que agora pode não ser o melhor momento, mas quando for, eu irei ouvir atentamente cada palavra sua. — me aproximei dela.

Juntei nossas mãos e dei um beijo em sua testa, tentando conforta-la.

Depois, Helena comeu seu brigadeiro. Fui até onde os meninos estavam e comecei a comer junto com eles, mas mesmo de longe eu observava Helena. Não tinha como negar que ela estava nervosa, mas eu tinha certeza que não era por conta do show.

★ ★ ★

Estávamos no palco, a euforia da plateia a nossa frente era contagiante, fazendo nosso corpo suar a cada música tocada. Era uma sensação indescritível.

Faltava apenas mais três músicas para acabar o show, agora Dinho estava apresentando-nos, como de costume, agora teríamos como descansar um pouquinho.

Não conseguia tirar meus olhos de Helena, tão calada e fria, naquela noite não era a minha Helena que estava ali.

Enquanto Dinho apresentava os outros três, joguei a tampinha da garrafa de água no ombro de Helena, fazendo ela olhar-me.

Com um sinal, chamei ela para ir até a parte de trás da bateria.

— Eu preciso ver o seu sorriso, ele me dá motivação pra tocar bateria. — falei acariciando seu cabelo.

Por um momento ela pareceu ficar sem palavras, apenas me encarando. Quando ia fazer algo, sinto seus lábios macios tocarem o meu.

— Namorando no trabalho? — Dinho falou, fazendo a plateia gritar.

Helena separou nossos lábios e sorriu, que sorriso... Logo ela saiu correndo de trás da bateria e foi até Dinho, era vez dele apresentá-la.

Depois de tanto papo, começamos a tocar as últimas três músicas. Agora sim eu poderia tocar minha bateria com vontade, pois Helena sorria para mim a cada momento. Aquilo me enchia de inspiração.

Por último, como sempre, começamos a tocar pelados em santos. Toda a sensação era ainda mais intensificada naquele momento. Será que um dia seria possível descrever aquela sensação única?

No final, as luzes se apagaram e começamos a ouvir gritos pedindo para a gente voltar e cantar mais, porém já tinha dado nossa hora. Agora era só descansar e esperar pelo próximo show e pelas novas sensações.

Saímos do palco acabados de cansados. Algumas pessoas batiam fotos de nós, provavelmente para guardar de recordação desse show.

Algumas pessoas estavam ao nosso redor, impedindo que outras viessem para cima de nós. Caminhamos rapidamente até a van, que já estava de portas abertas esperando a gente.

Entramos na van, mas a brincadeira que fazíamos no palco não havia acabado ainda. Não sei de onde aqueles meninos tiravam tanta energia.

A única coisa que eu queria era o colo da minha Helena.

Procurei ela pela van, ela estava no último banco. Quando me viu, chamou-me para ir até ela. Fui praticamente correndo até minha princesa, me abracei a ela, quase fazendo a gente cair do banco da van.

Demos um jeito de ficarmos confortáveis ali, abraçados ainda. Logo que achamos uma posição a qual daria para dormir, Helena começou a acariciar meus cabelos, que ainda estavam um pouco úmidos pela água que eu havia jogado no show. Logo pegamos no sono, com Helena fazendo-me cafuné e eu abraçado á ela.

𝐄𝐍𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐇𝐎𝐔𝐕𝐄𝐑 𝐒𝐎𝐋, sérgio reoliOnde histórias criam vida. Descubra agora