HELENA MAIA
— Ah, tudo bem, pode mandar entrar.
Eu não fazia a mínima ideia de quem iria querer me visitar naquele momento. Estava tão bom apenas eu e Sérgio.
— Helena? Ah, que bom que você está bem!
Fiquei em choque quando vi aquela mulher ali. Era a mesma da sorveteria e a mesma que estava no trabalho de Sérgio aquele dia.
O que ela estava fazendo aqui?
— Obrigada...?
— Amiga, fiquei tão preocupado quando soube que você está em coma.
Amiga?
Sérgio encarava ela com uma cara na boa. Parecia que tinha dito uma discussão com ela...
— Ah, Sérgio... Nem vi você ai.
— Deveria continuar assim.
— Sérgio... Não me trate mal assim, você costumava ser bem mais gentil comigo.
Arregalei os olhos, olhando assustada para Sérgio. Ellen pareceu sorrir.
— Que? Do que você tá falando sua louca?
— Para de fingir que a gente não se conhece, bobinho.
Ellen se aproximou de Sérgio e fez um carinho no cabelo dele, que estava sentado ao meu lado.
— Não fica perto de mim.— Sérgio levantou-se instantaneamente.
— Credo, você era menos marrento antes. Mas enfim, depois a gente conversa no lugar de sempre.
Ellen revirou os olhos e sentou onde Sérgio estava, ao meu lado.
— Eu sei que você ainda não está sem por cento bem, mas eu precisava ver você e ver como estava sua recuperação. Estou tão feliz por você.
Ela tocou minha mão e forçou para lágrimas falsas caíssem de seus olhos.
Eu estava tão desacreditada na forma que ela tinha intimidade com Sérgio. Eu não sabia nada que estava acontecendo. Passei meses desacordada.
Eu dormi confiando em Sérgio e acordei totalmente confusa sobre o que tinha acontecido entre eles.
Ele estava no canto do quarto, me encarando, apreensivo, como se implorasse para eu não acreditar nisso.
Mas eu não sabia no que acreditar. Como você reagiria quando acordasse de quatro meses em coma e visse uma mulher, a qual você ja desconfiava estar de olho no seu homem, vindo de visitar no hospital de insinuar de uma forma bem clara que teria tido algo com ele?
Meu coração dizia que estava tudo bem e que aquilo na passava de uma mentira mal contada de Ellen, mas minha mente... Ela estava tão confusa, que também estava confundindo meus pensamentos e sentimentos.
— Você tá me ouvindo? — ouvi a voz irritante da mulher ao meu lado.
— Saí daqui. — falei.
— O que? Por que, amiga?
— Eu mandei sair daqui.
— Mas...
— Nunca mais olha pra mim, nunca mais fala comigo e nunca mais toca em mim. — falei, tirando as mãos dela de mim.
Fiz questão de limpar as mãos nos lençóis, como se tivesse pegado na coisa mais nojenta do mundo.
Não que isso não tenha acontecido.
— Tudo bem...— ela fingiu estar triste.
Ela saiu e fechou a porta, provavelmente estava sorrindo por de trás daquela porta.
Sérgio continuava parado no mesmo lugar, com a mesma expressão no rosto.
— Não tem nada pra me dizer? — perguntei, sem encara-lo.
— Eu não quero que você acredite no que ela disse, é tudo mentira!
— Eu não lembro dela ter falado nada que eu ache que seja verdade. Você tem algo a mais para me dizer?
Ele ficou em silêncio, pensativo. Droga, meus pensamentos estão a mil.
— Sérgio, vai embora.
— Helena, eu não tive nada com ela!
— Sérgio, por favor.
Ele me encarou com o semblante mais triste que já vira ele fazer. Meu coração se despedaçou naquele momento.
Eu estava duvidando de alguém que eu amo?
Mas, eu estava precisando de um tempo pra mim. Recentemente acordei de um coma, no dia seguinte amigos meus morrem, nesse mesmo acontecimento era pra eles estarem no avião, hoje enterrei pessoas importantes e vi pessoas chorarem assim como eu chorei quando perdi minha mãe e agora, uma piriguete de quinta vem insinuar que teve algo com Sérgio. Eu merecia de um tempo pra esquecer tudo.
Me joguei naquela cama dura do hospital e deixei todas as lágrimas que estavam presas no lugar mais profundo da minha ama saírem. Estava doendo tanto, mas eu nem sabia o que doía.
Apenas chorei como se não houvesse amanhã. Acabei pegando no sono com a mesma roupa que fui para o velório. Não tinha forças e nem coragem de levantar daquela cama.
🌞
Às sete horas da minha seguinte, eu já estava na sala de exames, tirando sangue para ver se estava tudo bem.
Fechei os olhos e senti a agulha perfurar minha veia.
— Chorou na noite anterior? — a médica, uma senhora de idade, perguntou.
Maria era o nome dela, ela que fazia todos os meus exames.
— A vida não tá nada mel esses dias, dona Maria. — mexi meu braço após ela tirar a agulha.
— A vida nunca será um mel. Mas, aproveite enquanto pode, garanto que não vai se arrepender.
Dei-lhe meu melhor sorrindo, eu adorava as palavras de consolo que ela dizia para mim durante os exames.
Minha avó já havia chegado para me ajudar a ir para casa. Ela estava no meu quarto, arrumando minhas coisas para irmos embora. Antes eu só iria almoçar e poderia finalmente ir para casa.
A médica me acompanhou até meu quarto. Quando cheguei fui até o banheiro tomar um banho, troquei as roupas do hospital e coloquei um shorts jeans junto e uma regata branca.
Voltei para o quarto e me sentei na cama, esperando o almoço.
— Eu achando que você está muito pra baixo esses dias.
— Acho que eu tô mas no subterrânea mesmo, vovó. — balancei minhas pernas, que não chegam no chão.
Minha avó apenas riu um pouco. Acabei rindo também da forma que eu falei.
O almoço finalmente tinha chegado, comi como se estivesse fugindo da polícia. Eu so queria minha cama, só queria minha casa.
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.rapaz... falta só 5 capítulos pro final.
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𝐄𝐍𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐇𝐎𝐔𝐕𝐄𝐑 𝐒𝐎𝐋, sérgio reoli
Fanfiction𝐇𝐞𝐥𝐞𝐧𝐚 𝐌𝐚𝐢𝐚 𝐀𝐥𝐛𝐮𝐪𝐮𝐞𝐫𝐪𝐮𝐞, apenas mais uma moradora comum da cidade de Guarulhos. Mas, em 1989, foi o ano em que sua vida avançou mais um degrau, depois de conhecer cinco meninos, que assim como ela, sonhavam em ganhar a vida e o...