CAPÍTULO 25

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Depois daquele café da tarde com Valéria, voltei para casa para tomar um banho relaxante, pois esses dias tinham sido bastante tensos.

Bom, mais especificamente ontem, na verdade. A suposta chance de meu pai estar solto, me assombra bastante.

Entrei em casa, mas não tinha nenhum sinal da minha avó. Ela provavelmente estava na casa da vizinha, fofocando sobre os acontecimentos da missa. Típico de avó, né?

Fui diretamente para o banheiro, aproveitei meu pico de energia e lavei meus cabelos, que já estavam querendo crescer novamente.

Passei mais ou menos uns quarenta minutos no banho, apenas aproveitando a água, mesmo sendo gelada, relaxar o meu corpo.

— Um dia eu ainda vou ter um chuveiro com água quentinha para eu tomar banho. — falei olhando para o chuveiro.

Tadinho, não tinha culpa de nada o coitado.

Sai do banheiro enrolada na toalha, já deviam ser umas cinco da tarde. Horário perfeito para um café com bolo.

Mas tinha um porém, ainda não estava pronto o café, e muito menos o bolo. Garanto que Helena na cozinha não é um bom partido.

Vesti uma roupa confortável e segui para a cozinha, vendo que tinha algumas louças sujas na pia. Comecei a preparar a massa do bolo, ainda bem que tinha sobrado material do último bolo que fiz.

Passou uns trinta minutos, mais ou menos, e tudo já estava pronto. Acho que pode ser considerado um milagre eu não ter colocado fogo na casa.

Sentei-me para saborear meu café da tarde, mas, estava estranhando minha avó estar demorando tanto...

Tentei ignorar meus pensamentos intrusivos e voltei a comer, mas logo fui interrompida pelo telefone tocando na sala.

— Alô? — terminei de mastigar o pedaço de bolo.

Lena, é a Val. Já pode começar a se arrumar?

— Val, mas ainda são...— olhei para o relógio na parede. — Cinco e quarenta! Não acha que tá muito cedo?

— Na verdade eu acho que já estou atrasada. Vou me arrumar e ir para sua casa, ok? Só por precaução. — a loira riu.

— Pode vir. Estarei te esperando.

Logo após de desligar, voltei para terminar meu lanche da tarde. Mas o café estava frio e o bolo tinha queimado um pouco.

Desistindo, fui até a parte da frente de casa, o dia estava tão estranho...

Estava nublado, provavelmente iria chover. As nuvens negras cobriam o céu por completo, como se fosse um manto escuro.

Um arrepio subiu em minha pele, sem motivo algum.

— Helena, na ajuda aqui! — ouvi minha avó gritar por mim, ainda um pouco longe, ela estava cheia de sacolas.

🌞

— Eu pensei que você nem vinha mais. — disse, dando espaço para Valéria entrar pelo portão. Ela estava extrema cheirosa.

— Eu acabei perdendo o ônibus, sabe como é. Morri de medo de perder o horário e acabar não indo com vocês. — ela tocou meus ombros e sorriu.

— Ah, que isso. Sabe que eu iria te buscar até em Nova York se for presciso. — abracei a mesma. — Você está extremamente cheirosa. Aposto que não passou esse perfume todo para mim. — arqueei uma sobrancelha para ela.

— Sério mesmo? — ela cheirou os pulsos e sua blusa. — Pensei que tinha passado pouco.

Arregalei um pouco os olhos. Como assim "pouco"? dava pra sentir o perfume a quilômetros de distância!

— Te garanto que você irá ficar cheirosa a noite toda.

Sorrimos e caminhamos até a sala, onde Valéria sentou no sofá e pegou umas revistas na mesinha de centro. Aproveitei a distração da garota e peguei o telefone de fio, ou pelo menos tentei, discretamente, levando-o para cozinha.

Disquei o número da casa de Dinho rapidamente, rezando para que Valéria não tivesse a ideia de vir atrás de mim.

Alô? — uma voz sonolenta soou no telefone.

— Dinho? Ela já está aqui em casa. Pode vir! — falei, ou melhor, sussurrei.

Hum? Ela quem? O que tu falas mulher?

Acorda, baiano! — quase gritei.

— Helena? — ouvi a voz de Valéria.

Rapidamente abri a porta da geladeira e me enfiei ali dentro, quase colocando meu corpo todo para dentro da geladeira.

— Ah, oi Val. O que faz aqui? — olhei para Valéria por cima da porta da geladeira.

— Eu ouvi vive gritar, então vim ver se precisava de ajuda. — ela tentou se aproximar.

— Não! Acho melhor você não se aproximar. — ela me olhou confusa. — O cheiro de peixe tá muito forte aqui. Não quero que você fique com um novo aroma de perfume, "banho-de-peixe".

Valeria riu, mais ainda confusa.

— Vai indo para sala, só vou tirar esse peixe daqui e já tô indo lá, Valéria. — abaixei minha cabeça e falei o nome da loira próximo ao telefone.

Em seguida pude ouvir um "Eitcha mulestcha" e o celular de desligando.

Chequei para ver se Valéria já tinha ido para a sala. Depois, sai de "dentro" da geladeira e pude sentir o calor do ambiente novamente.

Peguei algum suco que tinha na geladeira e levei para Val, só para ficar tão na cara que eu estava aprontando algo.

— Aqui, pra gente se refrescar um pouquinho. — entreguei o copo com o líquido para ela e sentei-me novamente ao seu lado.

— Eu tô me sentindo tão nervosa. — ela bebeu um gole do suco. — Essa é a primeira vez que vou em um show dos lendários Mamonas Assassinas. — ela deu pequenos pulinhos da animação, ainda sentada no sofá.

Ri de sua reação. Parecia uma criança que acabara de saber que irá ganhar um presente novo.

Ficamos conversando por um tempo, até ouvirmos alguém bater na porta. Sorri minimamente, sabendo exatamente quem era.

— Quem será? — pergunta, olhando confusa para a porta.

— Vou ver quem é.

Levantei e fui até a porta, contendo minha risada. Parecia que eu tinha acabado de aprontar algo. E isso não era totalmente mentira.

— Dinho? — fingi surpresa ao abrir a porta. Falei alto suficiente para Valéria escutar.

Quase dando um pulo do sofá, a Zopello começou a passar às mãos pelos cabelos devidamente assentados.

Sorri e dei passagem para Dinho entrar em casa. O menino parecia ter acabado de sair do banho e estava exalando um forte cheiro de perfume doce. Tão doce quanto mel.

Ele pegou o perfume da Grace?

Os dois pareciam nervosos, mas se cumprimentaram educadamente com um abraço meio sem jeito.

— Bom, já que você tem companhia agora — falei, chamando a atenção dos dois para mim. — Eu vou tomar um banho, ok? Já está dando a hora.

Por um segundo pude ver Valéria arregalar os olhos, quase os fazendo sair do rosto.

Dei um riso sapeca e daí em direção ao banheiro. Poderia não ser a melhor cupido, mas, com certeza, era a que tinha os melhores planos.

𝐄𝐍𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐇𝐎𝐔𝐕𝐄𝐑 𝐒𝐎𝐋, sérgio reoliOnde histórias criam vida. Descubra agora