CAPÍTULO 10

554 55 124
                                    

Depois que eu voltei para casa, fui para meu quarto pensar um pouco na vida. Querendo ou não, minha vida estava entrando em uma nova fase, de novo. Minha vida tem muitas fases, como na fase que eu queria ser gótica e só ouvia rock, os velhos tempos assombram a gente.

Tirei meus sapatos e me joguei na cama, olhando pro teto.

— O que será que vai ser da minha vida daqui 'pra frente? — falei para o teto — Sem minha avó por um tempo, sem minha banda. — peguei um travesseiro e abracei.

No fundo eu ainda era apenas a Helena de sete anos querendo o colo da sua mãe.

— Mas eu não posso reclamar, afinal, eu recebi amigos incríveis. — sorri secando algumas lágrimas que escaparam de meus olhos.

Naquele momento eu estava vulnerável sem minha avó por perto; durante doze anos da minha vida, ela esteve ao meu lado, me apoiando e me dando forças. Eu sei, que um dia eu não terei ela mais perto de mim, porém, quando algo da um sinal que esse dia está perto, o coração aperta e na garganta da um nó.

— Para de reclamar, sua tonga. — falei para mim mesma. Talvez tentar reprimir meus sentimentos e lágrimas não era uma coisa tão boa. Mas nesse momento, eu não podia chorar, eu tinha que ser forte, pela minha vó e pela minha mãe, ela jamais iria querer me ver triste.

Levantei indo tomar banho, já estava escurecendo e logo eu teria que preparar o jantar. Mesmo sem um pingo de coragem, fiz tudo o que tinha de ser feito. Após tudo, sentei no sofá, de frente para a tv e fiquei observando a tv desligada, por longos minutos.

Eu não iria ligar ela tão cedo, não conseguiria ver as novelas sem ter minha vó ao meu lado para julgar os personagens comigo.

Fui até meu quarto e peguei minha guitarra, ligando-a na caixa. Deixei meu coração falar mais alto naquele momento, deixei a música me guiar.

Por que a vida tem que ser assim? Por que tem tantas fases? Algumas boas, outras nem tanto.

Eu apenas quero encontrar o lado da vida que seja bom, calmo e aconchegante. Eu um dia irei encontrar esse outro lado da vida?

Quando percebi já estava tocando um mini solo na guitarra, me apressei para anotar.

★ ★ ★

N

o dia seguinte, estávamos na casa dos Reoli, esperando Dinho chegar. Já tô já se tornado um hábito esperar o Dinho chegar naquela sua bicicleta.

Já se passava das quatro horas e todos estávamos entediados. Eu estava jogada no sofá, Samuel jogado no tapete, Bento sentado no chão e apoiando sua cabeça na minha perna e Sérgio deveria estar em seu quarto. Talvez ele fosse um pouco anti social.


— Gente eu vou ver se o Sergio tá vivo — levantei do sofá e empurrei a cabeça de Bento.

— Caramba Helena, eu tava tirando um soninho da beleza! — ele jogou uma almofada em mim.

— Não sei que beleza — joguei a almofada novamente nele.

Olhei para Samuel e ele olhava para o teto, estava com um olhar distante. Me agachei ao seu lado sem fazer muito barulho.

— Mumuca? — cutuquei seu rosto.

— Ham? — ele virou o rosto bem devagar e me olhou.

— Você 'ta legal? — perguntei encarando ele. Samuel apenas ficou olhando para mim e piscou uma cinco vezes, será que ele 'ta doente?

𝐄𝐍𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐇𝐎𝐔𝐕𝐄𝐑 𝐒𝐎𝐋, sérgio reoliOnde histórias criam vida. Descubra agora