Amélia Miller
Eu percebo a merda que eu fiz quando já estamos bem longe da propriedade Anderson. Eu não devia ter saído daquele jeito com o Charlie, a Aly vai ficar ainda mais irritada e meu pai preocupado, por eu ter ido embora sem nem um aviso prévio.
Mas, quando eu olho para o lado e vejo Charlie dirigindo com toda a tranquilidade do mundo, minha mente entra em conflito e se separa em dois; uma guerra civil sendo travada ao vivo e dentro de mim mesma. Eu quero ficar com ele, mas ao mesmo tempo quero minha melhor amiga de volta. Eu tenho que escolher um lado, e tenho medo de por minha necessidade acima dela e acabar sendo taxada como egoísta.
Sinceramente, não tenho culpa pelos sentimentos alheios, tanto quanto não tenho culpa pelos meus próprios sentimentos. Ficamos confortáveis com aquilo que nos convém melhor.
— O que foi? — Charlie sorri e apoia o cotovelo na janela fechada, mas sem tirar os olhos da estrada à nossa frente. — Se arrependendo?
— Talvez… — Sorrio de canto, apoiando a mão no rosto e amassando minha bochecha contra a palma. — Vai me contar para onde está me levando?
— Um lugar especial. Relaxa, eu não vou te matar.
— Se me matar, eu puxo seu pé a noite.
Charlie dá risada, lambendo os lábios e mordendo o inferior logo em seguida.Viro a cabeça para o lado, olhando pela janela o ambiente se torna menos florestal, e mais "humano". Um ambiente mais humano seria a construção de prédios, casas, asfalto rachado, postes de energia e tudo mais. Acho que gosto mais do lago, porque é tão…natural. É calmo por lá, e bonito, muito bonito.
Suspiro e fecho os olhos por alguns segundos. Não consigo me concentrar direito com tanto silêncio; vou continuar pensando que o que estou fazendo é errado.
— Acha que a gente tá fazendo uma besteira? — Olho para Charlie.
— Como assim? — Ele franze as sobrancelhas.
— É, tipo, será que a Aly vai ficar chateada se souber que a gente saiu? Juntos?Ele dá de ombros, ainda sem olhar para mim enquanto dirige. Seus cabelos castanhos estão caindo sobre sua testa, e Charlie levanta a mão toda hora para passá-los para trás, e eu acho isso admirável. Gosto de pequenos detalhes.
— Eu não sei. — Ele diz, por fim. — Mas você não está cansada?
— Cansada? — Inclino a cabeça levemente para o lado.
— É, cansada de nunca fazer o que você quer. Lia, eu escondi o segredo da minha irmã durante anos, e, por todo esse tempo, eu me convenci de que isso ia deixá-la feliz. E deixou, mas uma hora eu ia cansar de suprimir o que eu também sinto, para ver outra pessoa ser feliz. Eu também mereço ser feliz, não acha?Entreabro meus lábios, sem entender muito bem o que ele quer dizer com isso. Quer dizer, eu entendi a parte dele por a felicidade dos outros acima da dele e agora querer mudar essa parte, mas o que eu tenho haver com isso?
— Merece, eu acho que merece. — Afirmo — Mas por que eu tô nesse meio?
Charlie não responde, apenas olha para mim. Eu olho para ele de volta, meu coração batendo rápido. Eu quero acreditar que é o que estou pensando, mas as palavras de Alec vêem na minha cabeça o tempo inteiro – "Porque é o Charlie Bushnell; um galinha. Ele fica com todas as garotas que cruzam com o caminho dele, não importa quem seja. Dá falsas esperanças pra elas e depois parte seus corações, indo para a próxima vítima." Eu não quero ser a próxima vítima, porque cai na ladainha dele como todas as outras.
Vou precisar muito mais do que palavras para acreditar no Charlie.
Sou a primeira a abaixar a guarda com o olhar, ouvindo suspirar pouco depois.
♥Antes do nosso destino final, Charlie e eu paramos em uma das únicas lanchonetes abertas a essa hora de feriado. Eu espero no carro, pensando seriamente em deixar um bilhetinho e ir embora, enquanto ele foi comprar alguma coisa para a gente comer. Não estou só com medo de afundar mais as coisas com a Aly, também estou com medo de mergulhar de cabeça com o Charlie e no final me arrepender, por ser só mais um nome na cama dele.
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ALL FOR US - Charlie Bushnell
FanfictionAmélia é invisível. Não literalmente, mas, para os grupos sociais da Bridgestone High, ela é completamente invisível. Mas ser invisível ou não é a última coisa com a qual a adolescente se importaria. Na verdade, Amélia nunca se importou muito em ir...