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Amélia Miller

Um som alto, estridente e totalmente irritante invade meu sono delicioso, me fazendo gemer em repulsa. Eu mal me mexo na cama, no início, apenas abro os olhos devagar e vejo tudo borrado, por causa da sonolência.

Lentamente, eu remexo meu corpo no colchão. Mas sou impedida de virar de barriga para cima, porque tem alguma coisa deitada na minha bunda; alguma coisa não, alguém. Esfrego o rosto com as mãos e olho para baixo, onde vejo Charlie dormindo. Seu braço está agarrado nas minhas costas, e sua cabeça usa minha bunda de travesseiro. Sorrio sonolenta, mas apenas por alguns segundos, porque o som do alarme continua assombrando meu sono.

  — Charlie... — Chamo bem baixinho, e estico a mão para tocar sua cabeça. Meus dedos deslizam por seus cabelos macios suavemente, afastando-os de sua testa – ele precisa cortar isso, por mais que eu goste de seu cabelo do jeito que está. — Charlie...levanta.

Ele resmunga algo que eu não entendo e depois me aperta, subindo um pouco a cabeça até minhas costas. Assim fica difícil querer acordá-lo. Faço esforço para virar meu corpo de lado, já direção dele. Sua cabeça cai no colchão, e Charlie abre um olho, mas bem pouquinho.
— Desliga essa porra... — Ele resmunga e eu sorrio de leve.
     — É o seu despertador, não o meu.

Charlie resmunga mais uma vez quando precisar erguer o corpo, e ele faz isso como se fosse uma ideia absurda se levantar da cama. Sinto um pouco de frio quando ele sai de debaixo da coberta, fazendo um ventinho, mesmo que esteja agindo como uma preguiça ao se mexer. Eu ainda estou morrendo de sono, então tudo o que vejo são seus borrões se movimentando pelo meu quarto. Quando vejo, já estou fechando os olhos outra vez, mesmo que esteja na hora de levantar...
— Linda... — Ouço Charlie sussurrar, enquanto balança meu corpo gentilmente. Não ouço mais o despertador. — Ainda é bem cedo...eu tenho que ir, mas você pode dormir.

Charlie passa a mão no meu rosto, afastando todo o meu cabelo para trás e alisando minha bochecha com o polegar. De olhos fechados, eu afirmo com a cabeça – não sei que horas são e nem porquê ele está saindo tão cedo, mas posso perguntar mais tarde; ainda estou morrendo de sono, meu relógio biológico não está acostumado a acordar assim.

Sinto seu perfume fraquinho quando Charlie aproxima o corpo do meu, e sorrio quando ele beija minha bochecha demoradamente.

— Te vejo mais tarde...
Ele me beija na bochecha uma última vez e então vai embora. Depois disso, não leva muito tempo para que eu pegue no sono outra vez.

Parece até que se passaram apenas cinco minutos quando meu alarme desperta. Eu abro os olhos, encarando meu teto e os desenhos que eu mesma fiz nele – o sol, as estrelas, a lua, os planetas; praticamente um universo inteiro –, e bufo irritada. Ninguém merece acordar cedo.

Estico a mão e tateio meu criado mudo até achar o celular, deslizando o dedo na tela para desligar esse som irritante. Assim que me sento, esfregando os olhos com as mãos, as lembranças do dia anterior vêm avoado na minha memória. A conversa sobre sexo com minha mãe, a casa da Tess, Todd...minha primeira vez.

Abro um sorriso enorme, parando para ver como me sinto. Eu quero sorrir toda vez que me lembro das declarações, do pedido de namoro, das mãos de Charlie no meu corpo enquanto investia contra mim. Me sinto eufórica e muito feliz. É incrível o poder que dar pra alguém tem sobre você.

Dou risada dos meus pensamentos idiotas, e então me levanto para me preparar pra escola. No caminho para o banheiro, eu seguro a gola da camiseta de Charlie e inspiro o perfume dele, mas o mesmo já está ficando muito fraco – seria muito estranho fazer ele usar a camiseta de novo só pra eu ter seu perfume? É, seria...

ALL FOR US - Charlie BushnellOnde histórias criam vida. Descubra agora