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Amélia Miller

É sábado, início de noite e eu estou parada na frente do meu espelho, me encarando. Como é noite do Peter K, estou usando um pijama branco com estampa de abacate, e vou sair assim pra ir até a casa da Aly. Eu queria que fosse aqui na minha mãe, mas mês passado já foi, então…

  Suspiro e abraço com força meu travesseiro com estampa aquarela. Quero muito ir nessa noite do Peter K, mas se Charlie estiver em casa, as coisas podem chegar a ficar meio estranhas se a gente se esbarrar pelo corredor em algum momento. Eu estou rezando para que seja tudo tranquilo.

  Jogo meu travesseiro de volta na cama, abaixando a cabeça enquanto prendo meus cabelos em um rabo de cavalo. Na mesma hora, minha mãe entra em casa.

  — Por que tá levantando essa bundinha de formiga pra cima? — Ela franze a testa, vejo pelo reflexo do espelho, e eu reviro os olhos.
  — Eu amo minha bundinha de formiga, ok? — Ergo de volta o corpo quando termino, passando a mão não fios quebrados que ficaram soltos. — Foi você quem fez essa bundinha de formiga.
  — Não foi um bom trabalho, porque é de formiga.

  Me viro para minha mãe e ergo uma sobrancelha, a fazendo dar risada.

  — Estou brincando, você é linda. — Ela vem até mim e segura meu rosto entre as mãos, beijando minha testa em seguida. — Mas podia trabalhar um pouco nos glúteos.
  — Mãe, para de falar do meu bumbum e vamos logo.

  Faço bico e atravesso meu quarto branco, para pegar no chão a minha mochila preparada para essa noite.

 — Isso é injusto, sabia? — Ela diz enquanto a sigo pelo corredor. — No fim de semana, é pra você ser minha, mas agora você vai dormir na Aly e amanhã vai passar o dia com seu pai. Muito injusto.

  Dou risada.

  — Bom, antes tivesse entrado com o pedido da minha guarda antes do meu pai. — Dou de ombros e minha mãe me lança um olhar furioso, me fazendo rir ainda mais. — Não se preocupe, amanhã eu vou dormir aqui de qualquer jeito. Eu prometo, então nem pense em fazer plantão.
  — Pode deixar.

  Minha mãe aperta minha bochecha, como fazia quando eu tinha três anos, e eu resmungo. Eu já não tenho bochecha direito, ela vai e fica puxando.

  Com a mochila nas costas e o travesseiro nas mãos, saio do apartamento com minha mãe. Eu iria de carro, mas não quero dirigir sozinha. É isso.4


— Valeu pela carona, mãe.

  Beijo a bochecha dela, que sorri e acena enquanto saio do carro. Assim que piso na calçada de frente para a propriedade Bushnell, penso nos acontecimentos daquela noite que quase destruiu minha amizade com a Alyssa. Posso até me ver indo embora, enquanto Charlie observa da calçada e diz que a Aly não é a única com sentimentos.

Suspiro e caminho até a porta de entrada, dando a deixa para minha mãe ir embora. Toco a campainha e pouco depois Alyssa abre a porta para mim. Ela está usando um pijama de blusa preta e shorts combinado.

  — Até que enfim! — Ela ri e sai me puxando para dentro da casa. — Já tava começando a achar que não vinha.
  — E por que eu não viria? — Ergo uma sobrancelha, rindo junto com ela.

  Alyssa pressiona os lábios um no outro, olhando rapidamente para o porta retratos na parede; uma foto dela e do Charlie. E como isso deixa a entender que eu não viria por ele. Reviro os olhos.

  — Bobagem. — Digo e faço um gesto com a mão, como se não fosse nada demais. — Já estamos resolvidos, né? E você ja voltou a falar com ele. Tá tudo normal como antes.

ALL FOR US - Charlie BushnellOnde histórias criam vida. Descubra agora