Amélia Miller
Charlie estica a mão para mim e me ajuda a sair de dentro do box, sem escorregar no chão que ficou úmido pelo vapor que ainda circula pelo ar. Ele me entrega uma toalha branca, que eu uso rapidamente para me secar e vestir meu corpo nú.
— Acha que tem como eu ir embora sem sua mãe me ver? — Roo a unha do dedo indicador, toda nervosa. Estava tão bom quando era só nós dois, até tinha me esquecido que a casa não é só do Charlie.
— Por que? — Ele franze a testa para mim e enrola uma toalha branca como a minha nos quadris, mas a mesma permanece meio caída, revelando sua entrava V.
— Você sabe o porquê.
Desvio o olhar e cruzo os braços, sentindo o rosto esquentar de vergonha outra vez. Charlie ri.
— E daí? Não seria a primeira vez…E agora eu me sinto como um simples objeto sexual de rotina. Abaixo a cabeça, mordendo o lábio inferior enquanto espero Charlie terminar de mexer no cabelo, de frente para o espelho.
— O que foi? — Ele pergunta — Ficou quieta de repente.
— Nada… — Olho para ele com a cabeça ainda meio baixa, e estalo a língua no céu da boca.
— Ah, não...você ficou chateada com o que eu disse?Não respondo, apenas desvio o olhar e começo a bater o pé no chão. Já estou ficando nervosa de novo. Não quero brigar com ele, não agora que as coisas estão se resolvendo aos poucos e eu estou me jogando de cabeça em algo; espero não me quebrar por isso, pra depois me arrepender pro resto da minha vida.
— King. — Charlie se aproxima e segura eu queixo entre os dedos, levantando gentilmente meu rosto para que eu olhe pra ele. — Não precisa ficar chateada. Porra, saiu da boca pra fora, me desculpa.
— Tá tudo bem. — Abro um meio sorriso e balanço a cabeça. — Você só disse a verdade, nem sei porquê fiquei assim.
— Você não é só mais uma pra mim, se é o que tá pensando. Quando eu digo que você é importante, é porque você é.Ele me abraça apertado e eu suspiro, me aconchegando em seus braços. Deito a cabeça em seu peito ainda um pouco úmido, me esquecendo por alguns segundos de onde estamos, de como estamos e de todas as inseguranças. Eu deveria confiar mais no Charlie, pôr na cabeça que o passado sexual dele é só isso; passado. Nunca fui tão paranóica como sou com ele, com medo o tempo inteiro de que tudo isso esteja sendo apenas um caso passageiro, e não deveria ser assim – um relacionamento se baseia na confiança, esteja ele no início ou não.
— Agora vamos antes que minha mãe volte. — Charlie ri baixinho e me solta para abrir a porta.
Ele olha para os dois lados do corredor antes de sair, acenando com a cabeça para que eu o siga. Ainda estou toda molhada, e meu cabelo pinga água no chão enquanto praticamente corremos em direção ao quarto dele. Rezo para que Donna não apareça do nada, e fico aliviada por isso exatamente não acontecer. Charlie fecha a porta e passa a chave assim que entramos no quarto, jogando minhas roupas e meu celular de volta pra mim logo em seguida.
— Não posso vestir a mesma calcinha. — Sussurro como se alguém pudesse ouvir atrás da porta, e Charlie ri.
— Quer vestir alguma coisa da Aly emprestado?
— Hum…é, seria bom. — Mordo o lábio inferior. — Mas tô com medo de sair daqui e sua mãe me ver.
— Eu pego, relaxa sua medrosa.Antes dele sair do quarto, jogo nele uma almofada que estava em cima da cama. Ouço sua risada ecoar antes da porta bater, e então solto um longo e leve suspiro aliviado.
Enquanto Charlie não volta com roupa limpa pra mim – roupa íntima; não acredito que ele vai mexer na gaveta de calcinhas da irmã –, eu dou uma volta pelo seu quarto e passo os olhos pelo ambiente que exala o estilo "Charlie: desarrumado, mas nem tanto." Continua exatamente igual estava ontem a noite, até mesmo a posição da camiseta que deixei dobrada quando fui embora hoje de manhã. Me aproximo dela e a pego em cima da escrivaninha, sorrindo para o número 1 estampado na parte da frente e na parte de trás. É tão estranho voltar aqui de novo, e nem mesmo tem 24h desde a última vez, só é estranho mesmo porque aquela discussão boba e infantil agora parece distante.
Eu levo a camiseta até meu rosto e inspiro o perfume do Charlie. Eu gostei de ter vestido uma roupa dele, pra variar; é confortável. Como ele ainda não voltou, deixo minha toalha cair amontoada ao redor dos meus pés e visto a camiseta do melhor jogador da Eagle Senior – e eu não estou dizendo isso só porque estamos começando um…o que quer que isso seja, estou dizendo porque é verdade. Olho-me no pequeno espelho de corpo que tem encostado na parede, admirando surpresa a forma como essa camiseta cai bem em mim, criando curvas onde não tem e até mesmo deixando minhas pernas mais salientes. Será que ele vai reparar se eu roubar essa camiseta pra eu usar de pijama?
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ALL FOR US - Charlie Bushnell
FanficAmélia é invisível. Não literalmente, mas, para os grupos sociais da Bridgestone High, ela é completamente invisível. Mas ser invisível ou não é a última coisa com a qual a adolescente se importaria. Na verdade, Amélia nunca se importou muito em ir...