Amélia Miller
Bato na porta do quarto de Alyssa, depois de atravessar o corredor inteiro correndo. Ela olha para mim, assustada e eu respiro bem fundo, como se estivesse sem ar até poucos segundos atrás.
– O que aconteceu? – Ela pergunta e tira os fones de gamer da cabeça, depois de pedir um minuto para as pessoas com quem está jogando League of Legends, no computador. O jogo não tem pausa, então Alyssa tem que estar muito interessada em algo para deixar seu personagem correr esse risco “imenso”.
– Ah…nada – Abro um sorriso, torcendo para ele estar normal e não nervoso.
– Tem certeza? – Ela ergue uma sobrancelha, e passa uma mecha de cabelo para a atrás da orelha.
– Uhum.Me sento na cama dela, onde me sinto um pouco mais segura de Charlie – Segura de seu perfume gostoso, de seus lábios aparentemente macios e sua voz rouquinha.
– Hum…pode falar o que você quiser. Sabe disso, né? – Ela põe os fones de volta no ouvido, digitando freneticamente para jogar.
– Sei, mas não aconteceu nada. Tá tudo bem.Deito de costas na cama, abrindo os braços e encarando o teto branco. Eu não acredito que estou ficando toda atiçada por Charlie Bushnell. O cara mais galinha da escola, é, aparentemente, o único naquele inferno de escola que é capaz de causar pane no sistema dos meus hormônios. Claro, tem alguns gatinhos que fazem com que eu e Alyssa ficarmos horas fazendo “top 3 mais gatos”. Mas o irmão dela é uma área que deveria ser restrita – irmãos dos seus melhores amigos sempre vão ser uma área restrita, é quase uma regra.
Ainda sim, me pergunto como Alyssa reagiria se soubesse que Charlie tentou me beijar.
– Você é uma praga, Panda2000! – Ela grita com a tela do computador, se inclinando tanto para frente, que quase cola o rosto no monitor – Você é a defesa, caralho! Não, não! Burra é sua mãe.
Olho para ela e seguro a risada.
– Porra…perdemos! Culpa do suporte e sua! Quer saber? Se matem!
E então, assim tão rápida e irritada, Alyssa saido jogo e joga os fones no puff ao lado da mesa. Continuo segurando a risada, mesmo quando ela olha para mim e revira os olhos. Alyssa irritada é algo que sempre me fez rir, porque ela não tem autocontrole do próprio temperamento.
– Quer uma água? Um calmante talvez? – Pergunto e ela levanta o dedo do meio para mim.
– Se o mundo seguisse as ordens de Alyssa Bushnell, jogar seria muito mais fácil – Ela senta ao meu lado, apoiando as mãos para trás, no colchão da cama grande e macia – Já terminou o trabalho com o Charlie?
– Não, ainda não, ainda estou lá na cozinha com ele. Esse aqui é só um holograma meu.Alyssa revira os olhos e me dá um soquinho no ombro, mesmo que dê risada comigo.
– Bom, agora que você terminou sua sessão de sarcasmo, pode me ajudar a me escolher uma fantasia de halloween!
Toda empolgada, ela me puxa pelos braços e eu faço preguiça para levantar, até ela conseguir me por de pé. Sou puxada até sua escrivaninha, onde ela deixou o computador ligado e aberto em um site de fantasias de halloween.
– Vai sair fantasiada esse ano? Porque o halloween é no sábado, então não vai ter dia de fantasia na escola – Me inclino para olhar melhor o site, apoiando o braço na cadeira em que Alyssa está sentada.
– Na verdade tenho dois convites para a festa anual da Tess. Charie arrumou para mim.Ela sorri com convicção, como se tivesse sido chamada para uma festa de halloween da Taylor Swift. Eu entendo; as festas da Tess sempre dão o que falar. A parte do “anual” dito por Alyssa, já diz tudo sobre a festa ser dada tradicionalmente desde o oitavo ano, na casa do lago da família dela. Seus pais gastam um dinheirão só para, no dia seguinte, tudo acabar numa sujeira.
Eu só fui uma vez, e foi na primeira edição, quando ainda havia adultos supervisionando e nós fugimos para o sótão, só para jogar o jogo da garrafa sem ninguém enchendo o saco. Foi lá que dei meu primeiro beijo, mas prefiro não comentar sobre.
– E você vai comigo – Alyssa acrescenta e eu ergo uma sobrancelha. – Tenho dois convites. Já disse isso antes?
– Já. Eu pensei que fosse um seu e um do Charlie – dou de ombros e volto a olhar para as fantasias, descendo mais a tela para ver as outras opções de fantasia.
– Acha mesmo que o Charlie precisa de convite? Você vai, né? Por favor.
– Eu…tudo bem – Abro um sorrisinho, o que deixa Alyssa e feliz ao mesmo tempo. Ela me abraça pelo pescoço, espremendo as bochecha em mim. Na verdade, acho que não vai ser ruim assim – Tá, já chega. Qual a fantasia que você gostou?Alyssa me solta e olha para o monitor do computador, mordendo a pelinha dos lábios enquanto pensa pesado no que escolher.
…
Na manhã seguinte, Tess e o grupinho de lacraias que ela chama de amigas passam por mim. Posso ouvir o que elas falam, apesar da gritaria nos corredores.
– Vocês vão ver, esse fim de semana vai ser todo meu e do Charlie – Tess se gaba – Ele está todo estranho ultimamente, e eu o conheço bem o suficiente para saber que está aprontando alguma coisa. Aposto que vai me pedir em namoro.
Ela e as meninas dão uma risadinha irritante, e eu faço um movimento brusco com a cabeça, me esquecendo de que estou quase dentro do armário ao bater no teto. Faço uma careta e saio de dentro dele, esfregando onde bati.
Estou tão distraída olhando Tess e as amiguinhas dela sumirem pelo corredor, viajando nos meus pensamentos estranhos, que levo um susto quando alguém bate a porta do meu armário. Solto um gritinho e me viro, dando de cara com Brady, que começa a rir.
– Meu Deus, Vincent! – Digo
Ele continua rindo, apoiado contra o armário.– Foi mal, não quis assustar você
– Mas assustou – reviro os olhos e pego minha mochila no chão, saindo andando. Ele vem logo atrás – O que você quer?
– Que você pare de me chamar de Vincent e pare de ser tão dificil – ele caminha de costas enquanto fala.
– Vincent é seu nome e eu não sou dificil. Você só tem que aprender que nem todas as garotas do mundo querem você…Vincent. O que você quer?
– Agora eu quero entregar o trabalho – ele responde, entregando uma folha – Mas depois…te falo na festa sábado.Antes de se afastar para ir embora, Charlie beija minha bochecha suavemente e pisca. Eu o observo ir pelo corredor quase vazio.
Respiro fundo e caminho lentamente até estar encostada na parede
2- Ele não odeia música, na verdade curte muito. Apenas não é encorajado a seguir esse ritmo. Talvez, se ele não tentasse ser perfeito o tempo todo, a música pudesse fazer mais parte da sua vida, do que o futebol em si.
3- O filme favorito dele é Duro de Matar. Particularmente, esse filme é idiota para mim, mas ele ama ação e, bom, quem sou eu para tirar isso dele?Sorrio de canto ao ler essa parte.
4- Ele joga futebol americano como um hobbie. E é ótimo nisso.
Mas dou risada desse
5- A pessoa que Charlie mais ama é sua irmã gêmea; Alyssa. Ele gosta de proteger e de vê-la feliz, embora nunca demonstre isso.
6- Seu maior sonho é se tornar o maior jogador de futebol americano do país
7- Ele ama comer hambúrguer com milk shake. Essa é a comida favorita dele.
8- Apesar dele ter que manter certa distância da música, a pessoa que ele mais admira no mundo é o Fred Mercury
9- Charlie quer ser uma pessoa melhor quando crescer; um bom filho, um bom amante, um bom irmão e um bom jogador. Uma boa pessoa.….
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ALL FOR US - Charlie Bushnell
FanficAmélia é invisível. Não literalmente, mas, para os grupos sociais da Bridgestone High, ela é completamente invisível. Mas ser invisível ou não é a última coisa com a qual a adolescente se importaria. Na verdade, Amélia nunca se importou muito em ir...