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Amélia Miller

Enquanto eu me visto de novo, ao sair do chuveiro, posso sentir o olhar de Charlie queimando sobre todo meu corpo. Ele acompanha cada movimento meu, quase se esquecendo de que precisa se vestir também. Eu, obviamente, não consigo evitar de sorrir por estar recebendo tanta atenção vinda dele. Me sinto especial por saber que ele gosta tanto assim da minha companhia.

    — Você está me deixando nervosa. — Digo ao me sentar para amarrar os tênis. — Para de olhar pra mim.
     — Não consigo... — Charlie sorri e põe o cinto na calça, olhando para baixo brevemente.
     — Ah, é? Por que?
     — Porque você é perfeita, caralho.

Dou risada e Charlie dobra um pouco os joelhos, para conseguir ficar mais ou menos da altura que tenho sentada, enfim segurando meu rosto e dando-me um beijo demorado na testa. Como ele consegue ser fofo depois de ter me pedido pra foder com ele ali atrás?

Levanto o rosto e sorrio para Charlie, que pisca antes de se afastar para ir pôr a camiseta.
Agora que já estou bem vestida, fico de pé e ajeito os cabelos molhados com os dedos; eles ficaram uma merda depois desse banho, mas não é nem nisso no que estou pensando. Estou pensando no sexo, nos gemidos, na forma como gozamos praticamente juntos. Acho que posso me acostumar com isso.
De frente para o espelho na pia, eu sorrio para o reflexo do meu rosto corado. O penteado que eu fiz para vir assistir o jogo permanece igual, só que molhado e agora meio duro.
     — Tá pronta? — Charlie pergunta e eu viro o rosto em sua direção. Ele está vestindo uma blusa xadrez amarela por debaixo de uma jaqueta de couro, uma calça jeans escura e um par de tênis preto da Nike. Um namorado gostoso, engraçado, bom de cama e estiloso; o que mais eu acrescento na lista?
     — Uhum. — Sorrio e pego minha mochila perto de um dos bancos. — Acha que já foi todo mundo embora?

Ele dá de ombros e abraça minha cintura enquanto saímos do vestiário, que agora está menos quente. Lá fora, as luzes ainda estão acesas, o que significa que ainda tem gente na escola; ótimo.
  — Tem problema se a gente passar na festa? — Charlie me pergunta
Franzo o nariz, fazendo careta. Não gosto de festas, principalmente porque sempre acontece alguma merda quando vou em alguma. Pra falar a verdade, estou surpresa que já tenha ido a duas só esse ano. Acho que Charlie lê minha mente, porque olha pra mim e abre um sorrisinho.
— Ah, vamos lá, eu vou ficar de olho em você. — Ele diz — Só dez minutinhos.
     — Por que quer tanto ir nessa festa? — Ergo uma sobrancelha e sorrio, apesar de estar odiando a ideia de ter que ir socializar. Vou começar a fazer uma lista de coisas ruins que existem no meu namorado, e a primeira delas vai ser: é popular. — Já não teve comemoração demais por uma noite só?

Os lábios de Charlie se erguem em um sorriso maldoso, e ele rola os olhos para o lado antes de se mover para me abraçar por trás. Seu queixo se apoia no meu ombro, e ele beija minha mandíbula de cima para baixo, causando arrepios. A posição faz com que andemos mais devagar. Ainda bem não trombamos com ninguém por enquanto.

    — Se eu pudesse, iria comemorar assim sempre. — Charlie sussurra no meu ouvido e eu sorrio, segurando seus braços ao redor de mim. — Mas eu realmente preciso pelo menos dar um sinal de vida nessa festa, porque já me enviaram mensagem pra caralho perguntando onde eu tô.
     — E por que você não diz "não" pra eles? — Faço biquinho, igual a uma criança pirracenta. Eu realmente não tô muito afim de ir a uma festa hoje. Nem nunca.
     — Porque sou o capitão deles. Foi eu quem virou o jogo...bom, eu e o Derek. Não dá pra dizer "não" pra eles.

Paro de andar e viro o rosto para o Charlie, suspirando discretamente.
  — Dez minutos? — Pergunto
     — Dez minutos e mais nada, eu prometo. — Ele beija minha testa demoradamente.
     — Tudo bem. Mas se você demorar demais, vou embora sozinha.
     — Sim, senhora. — Charlie ri e me enche de beijinhos quando voltamos a andar, desde minha bochecha, até pescoço. Vamos assim mesmo até o carro, afinal tá tudo vazio mesmo.

ALL FOR US - Charlie BushnellOnde histórias criam vida. Descubra agora