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Amélia Miller

Scott puxa Charlie com força, o que separa nós dois. Agora que não estou mais segurando o braço dele, me sinto exposta, como se alguma coisa ruim fosse acontecer. Meu coração volta a bater forte e rápido contra meu peito, trazendo de volta aquela sensação de pressentimento ruim.

Olho para Charlie outra vez, e ele parece bem irritado pela forma como prende o maxilar, pressionando os lábios.
     — Olha só, o casal feliz! — Diz Scott, a voz sobressaindo o som alto da música. — O que foi aquele beijão, hein? Inspirador.
     — É uma pena que eu não pude ver pessoalmente. — Amanda comenta e eu olho para ela, estremecendo levemente com seu sorriso. — Quem sabe da próxima, não é mesmo?

Reviro os olhos discretamente, voltando a olhar pra frente para ver onde estão nos levando. Já atravessamos quase toda a festa, chegando no jardim de trás, e a música já mudou.

     — O que caralho você quer agora, Lewis? — Pergunta Charlie. Sua voz está fria e ríspida.
     — Qual é cara, é uma festa! — Scott aperta o ombro de Charlie, o chacoalhando suavemente. Quem olha de longe, nem repara que eles praticamente se odeiam, embora não digam isso com palavras. — Você não achou que ia ir embora sem falar com seus amigos, achou? E ainda mais sem deixar a namorada nova curtir com a gente também.

Ele olha para mim, abrindo um sorriso malicioso e pior que o da Amanda. Eu desvio o olhar, o mantendo firme no jardim assim que passamos pelas portas. Há uma pequena fogueira no centro, cercado por alguns banquinhos de madeira e puffs macios; os amigos de Charlie estão todos ali. O restante do pessoal se encontra em áreas isoladas do jardim, em grupos, se diferenciando do resto da festa.

     — Você não é meu amigo, seu babaca. — Charlie dá uma cotovelada forte nas costelas de Scott, que faz com que se afastem. Ele segura minha mão e me puxa para longe de Amanda também, praticamente colando a lateral do corpo com o meu. — Acha que aguenta só mais alguns minutos? — Sussurra

Queria que Charlie soubesse dizer não aos amigos. Ao invés disso, ele age diferente quando está com eles, falando merda, sendo distante; o oposto perfeito do Charlie divertido e amoroso que eu conheço. Mas quem sou eu pra falar, né? Mesmo querendo dizer não, eu digo sim. Não consigo dizer não pra ele.

Suspiro e afirmo com a cabeça. Charlie beija minha testa.
     — Vai ser rápido, eu prometo. — Ele continua sussurrando pra mim, parados de pé próximos a fogueira. — Só não quero arranjar confusão com o babaca o Scott Lewis agora. Tudo bem? Tá arrepiada.
     — Uhum... — Abro um sorrisinho forçado e ergo o rosto para Charlie, que beija meu rosto mais uma vez. — Só com um frio. — Em parte, essa mentira tem um fundo de verdade; essa noite tá congelante.
     — Vamos pra fogueira agora, mas toma aqui.

Christian tira a jaqueta de couro e a entrega para mim. Sorrio, porque gosto quando me empresta suas roupas para usar. Depois de vesti-la, percebo o quão quentinha é, e o perfume dele está impregnado no tecido. Puxo as mangas até os cotovelos e puxo o cabelo para fora, depois seguro sua mão outra vez para sentarmos na fogueira.

     — Vamos lá. — Scott passa por nós, sorrindo, e dá um tapa nada "amigável" nas costas.
     — Eu ainda vou esfolar esse filho da puta. — Charlie praticamente rosna baixinho do meu lado, enquanto caminhamos em direção ao antro social de Hiroshima e Nagasaki.

Encontro Alyssa sentada perto da Lauren, mas as duas parecem distantes da conversa do grupo, unidas em suas próprias conversas. Aly olha pra mim quando nota nossa presença, sorrindo de canto e acenando timidamente com a mão. Faço o mesmo, mas ela logo volta a fingir que não existo...

ALL FOR US - Charlie BushnellOnde histórias criam vida. Descubra agora