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Amélia Miller

Dez minutos de silêncio depois, Charlie me pergunta:
  — Doeu? Tipo, muito?


Viro meu rosto, que está deitado em seu peito, para olhar pra ele. Sorrio de canto, esticando a mão para tocar sua testa suada, afastando seus cabelos para trás.

— Um pouco. — Digo — Acho que incomodou mais do que doeu.
     — Eu não te machuquei? Ou machuquei?

Posso ver a preocupação em seus olhos, que aparentemente parecem estar analisando cada centímetro do meu rosto, atrás de alguma emoção. Dou risada e seus ombros relaxam.

— Eu sei que Deus foi muito generoso com você — Insinuo minha coxa contra o ponto entre suas pernas, fazendo Charlie sorrir de canto. —, mas você foi muito calmo e gentil comigo. Foi ótimo, mesmo com o desconforto. Obrigada...

Ele sorri um pouco mais, inclinando a cabeça para frente. Sua testa encosta na minha e eu sorrio, pouco depois Charlie me beija. Estou sendo sincera quando digo que foi ótimo, não estava esperando toda essa preocupação por parte dele, e, sinceramente, me sinto aliviada por isso. Escolhi o cara certo para a minha primeira transa – e eu aposto que ainda vão vir muitas.

— E pra você? Como foi? — Pergunto assim que paramos de nos beijar, mas mantendo os rostos próximos.
     — Diferente. — Charlie suspira e sorri.
     — Diferente bom ou ruim? Eu sei que você costuma transar com garotas mais experientes, e que já tirou a virgindade de um monte de garotas, mas...
     — Wou, wou, wou. — Ele me interrompe, franzindo a testa para mim. Suas mãos seguram meu rosto firmemente. — Primeiro que eu não tirei tantas virgindades assim, ok? Eu sei que você já ouviu muitos boatos sobre isso, mas não é bem assim que a banda toca. Segundo que, sim, já transei com algumas garotas por aí, uma ou duas eram virgens antes de mim — Ouvi-lo dizer isso é meio desconfortável, mas é preciso. —, mas nenhuma era com você, King. Transar com alguém porque quer transar é uma coisa, mas transar com alguém pela qual você está completamente apaixonado... é muito melhor. Nenhuma das outras garotas importam, porque agora eu tenho você.

Sua voz aquece meu coração, fazendo-o bater calmo e devagar, me fazendo esquecer por um segundo que eu tenho órgão bombeador de sangue de araque. Sorrio e me inclino para lhe dar um selinho.

Voltamos a ficar em silêncio. Eu me aconchego bem perto de seu corpo, cobrindo seu abdômen com meu braço e brincando com seus pelinhos – adoro fazer isso, meu Deus. Inspiro o perfume de Charlie toda vez que ele respira; ele está com cheiro de suor e uma leve lembrança da colônia masculina que costuma usar. Eu amo seu cheiro, é uma marca registrada só dele, e acho que nada no mundo vai ter um perfume tão gostoso assim.


Charlje passa a mão nos meus cabelos, completamente concentrado em enrolar as mexas nos dedos. Estou quase dormindo, quando uma coisa me vêm na cabeça e eu começo a rir.

— Tá rindo do quê? — Ele me pergunta, e, pelo seu tom de voz, está sorrindo.
     — É que... — Eu dou risada mais uma vez, apoiando as mãos em seu peito para poder erguer um pouco do corpo. — Hoje mais cedo, quando minha mãe foi me buscar, ela viu nós dois juntos e começou a ter aquela conversa comigo... de novo. E eu tô rindo porque, justo no dia em que ela insistiu em falar sobre isso, eu perdi minha virgindade.

     Charlie ri baixinho, passando a mão no meu cabelo.

— Então eu acho que foi o destino, né? — Ele diz
   
     Eu abro um meio sorrisinho, abaixando o um pouco o olhar antes de dizer:

  — Não acredito em destino.
     — Por que? — Charlie franze a testa, embora esteja sorrindo. — Todo mundo acredita em destino.
     — O destino é um grandíssimo filho da puta. — Sorrio de canto, mas não porque estou feliz ou algo do tipo, só não quero deixá-lo preocupado. — Quando você acha que está tudo bem, e que vai dar tudo certo, ele vai lá e te empurra pra dentro do fundo do poço. É um ciclo que só chega ao fim quando morremos.


ALL FOR US - Charlie BushnellOnde histórias criam vida. Descubra agora