F1 - A Fórmula do Amor

PRÓLOGO

31 de outubro 1999

Os roncos característicos dos motores V10 ecoam pelo ambiente anunciando mais uma manhã típica de domingo na casa da família Ross.

Adam sentado em sua poltrona e Jullien, sua filha de quatro anos, sentada no tapete da sala, estavam ambos com seus olhos fixos na tela que transmitia a última corrida de Fórmula 1 da temporada deste ano.

Apesar da torcida ser para Barrichello, e Schumacher ter feito a volta mais rápida, nenhum deles estavam conseguindo parar Mika Häkkinen, que não dava chances a ninguém.

O pai intercalava seu olhar entre a TV e sua filha, não conseguiu conter um leve sorriso percebendo o quanto eles são parecidos, não só pela aparência com seus marcantes olhos verdes tão claros quanto às águas de um lago num dia ensolarado, mas também a mesma paixão por corrida.

Jully começou a demonstrar interesse por esse esporte naturalmente a um ano atrás, o que é bem raro para uma criança tão nova.

Adam sempre foi grande fã de Fórmula 1 e não perdia uma corrida, num domingo desses, o campeonato estava acontecendo no Japão e por causa da diferença de fusos horários, ele estava às 02 da madrugada com a televisão ligada, porém com o volume silencioso para não acordar ninguém na casa.

Mas apesar de todo cuidado, Jullien apareceu de repente na sala com cara de sono,  coçando os olhos e usando seu pijama de ursinho, ela arrastava sua pequena coberta junto, Adam abriu os braços e a garotinha imediatamente pulou no colo do pai para se aninhar em seu peito, o homem achou que sua filha logo pegaria no sono novamente, quando para sua surpresa, ela estava surpreendentemente prestando atenção na corrida.

E isso se repetiu na corrida seguinte e também na seguinte, até que ela começou a pedir para ligar a TV e deu trabalho para entender que nem todos os domingos aconteciam as corridas.

A esperta garotinha estava agora rodeada de carrinhos, seus brinquedos favoritos, e imitava com eles os movimentos que os carros de verdade faziam na televisão; das curvas imaginárias aérea as paradas de trocas de pneus no pit stop, até o zunido do barulho da chave pneumática não passava despercebido por ela, que fazia biquinho tentando replicar o mesmo som, tirando mais sorrisos do pai com lembranças de como ela adquiriu o primeiro item da sua vasta coleção a um ano atrás.

— F1…F1! — Jullien, que estava passeando no meio dos seus pais no shopping, se soltou das mãos deles e correu para a vitrine apontando o dedinho.

Adam sorriu quando visualizou o objeto de desejo da filha: uma miniatura de um carro de corrida da Fórmula 1 da Hot Wheels. — Você quer esse carrinho?

— Simmm!!! — ela bateu palminhas com os olhos brilhando de felicidade.

— Meu bem, vamos comprar uma boneca porque é um brinquedo mais apropriado para uma menina. — A mãe da garota tentou intervir na mesma hora.

— Não, quero F1! — a menina estava decidida.

Adam comprou o carrinho para a filha e Margot comprou a boneca também, porém dentro do veículo a caminho para casa, a boneca nem foi tirada da caixa para desagrado da mãe, já o carrinho estava fazendo corridas imaginárias aéreas nas mãos da garota, esse foi o primeiro mini automóvel de muitos outros que vieram depois.

E desde então, assim se repetia todo domingo: a filha no tapete com sua coleção de carrinhos, fazendo uma verdadeira corrida de Fórmula 1 pelo chão da sala.

Mika Häkkinen cruzou a linha de chegada levando o campeonato do ano, já no pódio, depois que todos recebem seus troféus, chegou a hora da comemoração com o tradicional banho de champagne, Jullien se levanta na mesma hora e pegou um pequeno vaso de solitário que fica de enfeite em cima do rack balcão, e sacudiu o objeto simulando também jogar o líquido borbulhante em seu pai, que sorriu batendo palmas para ela.

— Parabéns, minha pequena Campeã Mundial de Fórmula 1!