barcelona | carlos sainz

9. you were all I wanted, martina

You were all I wanted
But not like this, not like this

— All you had to do was stay, Taylor Swift

MARTINA FERNANDEZ

Ok.

Quando concordei vir pra Miami não era isso que eu estava esperando.

Normalmente, Carlos tem problemas mais saudáveis pra resolver, como precisar de mim como companhia para um evento intragável, ser babá de algum dos seus primos enquanto ele próprio está paquerando quem está sendo paga pra isso, fingir maior proximidade pra despertar a atenção de alguma garota.

Eu sou o meio para ele conseguir algo que quer e nunca me incomodei com isso. Mas o que ele está me pedindo agora, isso foge totalmente do controle. Achar que eu poderia ser uma namorada de mentira adequada é simplesmente a maior loucura que já se passou pela cabeça oca dele.

— Você não pode estar falando sério — digo e nós dois nos encaramos com uma cara perplexa.

— Queria não estar, mas estou.

Levo as mãos aos meus olhos e, por um momento, tenho dimensão do tamanho do problema dele pra alguém sequer sugerir que a melhor solução fosse uma namorada falsa.

— Não sei o que dizer — é tudo o que consigo falar.

— Eu sei que peguei você de surpresa com isso, mas Tina, pense bem, só você pode me ajudar. Você é uma das pessoas que eu mais confio e com quem seria menos caótico dividir essa tarefa sem que tudo vire uma bola de neve.

As palavras dele chegam a doer. Não tem como eu aceitar uma proposta dessas. A gente teria que se beijar e ninguém vai acreditar que Carlos está apaixonado por mim, por que pelo nível de maldade dos tabloides, não basta só que ele apareça por aí com uma garota a tiracolo, precisa ser mais do que isso e nós dois sabemos que simplesmente não vai rolar.

— Não posso fazer isso por que eu não sei mentir, Carlos. A mídia com quem você lida fareja fraqueza, não vamos conseguir convencer ninguém de que nós dois somos um casal.

— Não fala assim, sei que somos só amigos, mas com você eu tenho minimamente uma intimidade — ele diz, o tom beirando o desesperado. — Amo estar na sua companhia e imagino que você sinta a mesma coisa comigo. Você é a única pessoa que eu confiei pra dividir esse segredo e achei que você fosse querer me ajudar com isso...

Há um fundo de rancor na sua voz, agora com o sotaque espanhol se destacando ainda mais a medida que ele se decepciona comigo. Seus olhos cor de chocolate são tão expressivos que mesmo que ele não estivesse me dizendo nada disso, ainda denunciariam a grande tristeza que ele guarda.

— Não seja ridículo, é claro que sempre vou querer te ajudar — retruco. — Eu sou sua amiga, Carlos, mas você precisa entender o que está me pedindo. Não é pra eu fingir ser a sua namorada só pra você fazer ciúmes para uma garota em um bar. É pro mundo inteiro... as pessoas vão estar de olho na gente a cada passo que damos. Já pensou que eu posso te arruinar msis do que te ajudar?

— Você jamais faria isso.

— Não tem como você saber se daria certo, é uma porra de uma roleta russa — levanto a minha voz, mesmo que sem querer.

— E mesmo assim eu estou apostando todas as minhas fichas em você — agora é a vez dele de afundar o rosto nas próprias mãos. — Se não for pela empatia, precisa ser por alguma coisa que você queira ou precise.