26. i thought heaven can't help me now

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I said, "No one has to know what we do"
His hands are in my hair

Wildest Dreams, Taylor Swift


MARTINA FERNANDEZ

— Vou começar com uma fácil — faço uma careta pra ele. — Quando você cantou para si mesmo pela última vez?

Ele finge estar pensando, mas dá pra perceber que a resposta está na ponta da sua língua.

— Hoje de manhã, quando você foi tomar café da manhã e eu estava tomando banho.

— Você é do tipo que canta no chuveiro, então? — brinco. — Não lembro a última vez que cantei, mas deve fazer um bom tempo, quando estou sozinha gosto de ficar em silêncio.

Essas perguntas já começaram evidenciando coisas diferentes em nós dois. Eu não imaginava que ele era desses que cantava sozinho no banheiro, não parece algo que combina com ele. Olho a lista mais uma vez e escolho a próxima pergunta.

— Se você tivesse uma bola de cristal que pudesse te dizer uma verdade sobre você, sobre o futuro ou sobre qualquer outra coisa. O que você gostaria de saber?

— Fácil — ele tamborila os dedos na mesa devagar. — Quero saber se um dia vou ser campeão mundial pela Fórmula 1.

Confesso que essa resposta era exatamente o que eu esperava dele, talvez me surpreendesse se ele respondesse qualquer outra coisa.

— Eu gostaria de saber como a vida estará daqui há dez anos — comento, meio sem jeito e ele inclina a cabeça, parecendo achar curiosa a minha resposta.

— Dez anos? Por quê?

— Sim, é tempo o suficiente pra me livrar dessa nuvem escura que paira sobre a minha cabeça em relação a minha família e é uma visão mais honesta do futuro do que daqui a um ano ou dois, que as coisas podem ter mudado completamente ou então não ter mudado absolutamente nada — desabafo e sinto a mão quente dele segurar a minha em cima da mesa pela segunda vez hoje, o que me faz sorrir.

— Vai ser bom, daqui a dez anos quero que você me ligue pra contar como está sendo. Combinado?

Balanço a cabeça em concordância.

— Há algo que você sonhou em fazer há muito tempo e por que ainda não fez isso?

Essa pergunta parece ter pego ele de surpresa, Carlos mantém os olhos em mim mas quase consigo ouvir as engrenagens da cabeça dele funcionando enquanto ele procura uma resposta. Até que ele deixa um sorriso diabólico escapar.

— Tem uma coisa mas... — uma risada fraca deixa os seus lábios. — Não sei se devo te dizer isso.

— Prometemos ser honestos um com o outro — falo de forma confiante.

— Prometemos? — uma das suas sobrancelhas se ergue. — Quando?

— Quando começamos, foi uma promessa silenciosa é claro, mas não tem como respondermos perguntas pra nos conhecer melhor se não formos sinceros. Então sim, fizemos essa promessa.

Ele ri de novo.

— Eu gosto de como a sua cabeça funciona, mesmo que não faça sentido nenhum — Carlos coça a cabeça e a tomba um pouco quando noto suas bochechas levemente coradas. — Eu sempre quis fazer um skinny dipping, mas nunca fiz por que com a sorte que eu tenho no dia seguinte teria uma foto da minha bunda na primeira página do American Express.

Quando vejo a minha risada alta já invadiu todo o salão e as pessoas desviam o olhar pra nós. Coloco a mão livre na boca tentando abafar o riso.

— Você tem vontade de nadar pelado? — pergunto um tom abaixo do que estávamos conversando.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora