60. where only the sweetest words remain

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With a whisper, we will tame the vicious seas
Like a feather, bringing kingdoms to their knees
Turning Page, Sleeping At Last

MARTINA FERNANDEZ

Assim que nos aproximamos da mesa, os olhos atentos de Reyes estavam em nós. Eu sentia que tinha melhorado muito minha relação com ela, mas sinto como se ela estivesse esperando um deslize meu a qualquer momento pra se voltar contra mim.

Carlos se inclina na minha direção deixando um beijo na minha cabeça e com um sussurro diz que vai buscar uma bebida pra nós.

Volto para o meu lugar e tento participar da conversa que Blanca está liderando. Intercalo o olhar entre os presentes na mesa e procuro Carlos pelo salão.

Ele pega nossas bebidas mas continua sendo interceptado a cada dois passos por alguém e imagino que o assunto principal deve ser a Fórmula 1 e o tanto de admiração que tem por ele.

Fico torcendo pra que isso seja mais incentivador do que perturbador.

Ana aparece e ele acaba deixando o meu drink com ela. O que está tudo bem pra mim, a festa é dela. Se Ana está feliz, todos nós estamos.

Resolvo eu mesma levantar e ir até o bar, o que resolve o problema da minha falta de álcool no sangue e também me tira de uma conversa da qual não estou participando efetivamente.

A cada passo que dou sinto um mix de sentimentos. O nó que eu não sabia o que significava ainda estava lá, mas tinha um gosto agridoce por que toda vez que eu olhava pra Ana e a via sorrir era como se eu fosse banhada pelo sol de verão, me alegrando novamente.

Peço o mesmo drink vermelho quando observo uma movimentação começar próxima ao pianista. Diversas mulheres estão se organizando na pista de dança, de idades variadas e todas parecendo muito animadas.

Elas devem estar se organizando para o momento de pegar o buquê. Eu observo tudo de longe, enquanto beberico um pouco do drink.

Tento encontrar uma brecha pra ninguém me interceptar no retorno até a mesa. Então, dou passos largos mas firmes, me sentando no meu lugar como antes.

A mesa já estava quase vazia, sobrando apenas Reyes que bebia um vinho tinto e petiscava um pouco de nhoque em seu prato.

Nenhum sinal de Blanca, Guillermo ou Carlos.

O burburinho aumentou.

Um resmungo chama a minha atenção e noto Reyes me olhando com curiosidade por cima da taça de vinho.

Ela levanta a mão para apontar discretamente para onde as outras mulheres estão reunidas.

— Não vai tentar pegar o buquê? — ela questiona em um tom enigmático, como se na verdade essa pergunta fosse uma espécie de teste.

Balanço a cabeça em negativa.

Sempre detestei essa tradição, o homem que quer se casar não precisa de um empurrãozinho de um buquê de noiva.

Eu não levava a sério nenhum tipo de tradição de casamento.

— Não acredito nesse tipo de coisa... — dou de ombros.

— Casamentos? — a segunda pergunta tem exatamente o mesmo tom da primeira e agora tenho certeza que deve ser um teste.

Deixo uma risada escapar.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora