The water filled my lungs,
I screamed so loud
But no one heard a thing
— Clean, Taylor Swift
MARTINA FERNANDEZ
Eu não estava me sentindo bem.
Desde o dia seguinte ao casamento da Ana, um cansaço desproporcional me atingiu e veio acompanhado de um nariz escorrendo. Fazia tempos que eu não pegava uma gripe, mas a sensação era sempre a mesma: a de desejar poder ficar deitada o dia todo embaixo das cobertas e fingir que eu não existo.
Carlos até tinha me falado que eu não precisava vir até o paddock se eu não quisesse, mas eu não gostava de dar mais motivos para falarem de nós dois, então tomei um analgésico e aqui estava eu torcendo pra isso ser suficiente.
A chuva ainda caía devagar na Holanda desde que pousamos, o que deixava a sensação témica ainda menor, principalmente quando ventava. Eu usava dois moletons, o meu e um que Carlos deixou próximo da sua cama hoje pela manhã.
Sua cama... depois de tanto tempo, voltamos a dormir cada um de um lado do quarto.
Não vou dizer que achei isso completamente ruim, ainda mais depois que eu entendi que havia um sentimento a mais da minha parte. Eu precisava de um tempo distante dele pra tentar entender tudo o que estava se passando no meu coração. Mas não podia negar que eu tinha me acostumado a dormir com ele e acordar com o cheiro do seu perfume por toda a minha roupa.
Mas ideia não foi minha afinal.
Clair, que nunca deixa nenhum detalhe passar, preferiu reservar um quarto com duas camas pra nós e me disse que se eu não melhorasse da minha gripe era bom não dormir tão próxima dele.
Não vi esse comentário como algo ruim, ela estava preocupada com a saúde de Carlos e eu não tirava a sua razão.
Uma coisa era eu, que tinha como única função ser uma namorada de mentira impecável, ficar doente. Outra coisa era Carlos, um atleta de alta performance que perseguia uma taça de campeão do mundo, pegar uma gripe.
Ela tinha razão de se preocupar com ele e eu concordava completamente.
No entanto, era uma droga se sentir assim e não poder ser cuidada de verdade. Essa é uma das grandes desvantagens de ser adulto, se você não cuida de si mesmo, ninguém vai fazer isso por você.
O dia de treinos livres passou devagar e eu senti um calafrio percorrer a minha espinha mais uma vez, enquanto me encolhia no sofá.
Hoje a movimentação no paddock estava mais tranquila por causa da chuva e sem as irmãs Sainz aqui eu me sentia meio perdida. Clair até me disse pra ir até a garagem e ver o treino livre com o pai de Carlos, mas usei minha gripe de desculpa pra ficar sozinha. Eu tinha trazido um livro comigo, mas não consegui ler nada, quando Ana voltar da sua lua de mel preciso me lembrar de pedir uma nova indicação.
Então, aproveitei e trouxe a minha câmera fotográfica que não era usada a algumas semanas e era minha desculpa perfeita pra sumir pelo paddock sem ser incomodada por ninguém.
Enfiei as mãos no bolso do moletom canguru de Carlos pra tentar me esquentar e fiquei observando a pequena televisão da sala principal do motorhome da Ferrari. O último treino livre do dia já tinha acabado a pelo menos meia hora, mas nada dele aparecer pra irmos para o hotel.
Ficar tanto tempo sem conversar com alguém fazia minha cabeça criar espirais e era meio contraditória toda a montanha russa que eu estava sentindo dentro de mim neste momento. Quando estava sozinha eu sentia a falta dele, mas quando existia a possibilidade de estarmos juntos eu ficava incomodada, com uma sensação estranha dentro do peito. Carlos era observador demais e eu não podia dar nenhuma pista pra ele do que estava se passando pela minha mente, não por enquanto.
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barcelona | carlos sainz
FanfictionCarlos não imaginava que seu maior pesadelo estava prestes a começar após ficar solteiro e finalmente começar a aproveitar a vida em todas as baladas que pudesse frequentar. A notícia que o American Express soltou no primeiro dia útil da semana após...