barcelona | carlos sainz

17. i'm your spanish crooked love

"We're a crooked love
In a straight line down
Makes you wanna run and hide
Then it makes you turn right back around"

— I wish you would, Taylor Swift

CARLOS SAINZ

Eu sabia que ela ia surtar com essa informação e que talvez isso fosse um pouco demais mesmo, mas não tinha muito o que fazer. O Grand Prix da Espanha é a minha home race e é claro que meus pais iam querer que eu passasse a semana com eles na nossa casa em Barcelona.

Conversei com Clair em vários momentos sobre isso e ela concordou comigo que levar Martina era uma boa estratégia e que eu não precisava dizer com todas as letras que ela era a minha namorada. Mas com certeza plantar essa semente na cabeça dos meus pais de que estamos saindo juntos era prudente e também dava mais veracidade pra tudo.

Eles não iam estranhar que as coisas estavam acontecendo rápido demais.

Me sento ao lado dela e também afivelo meu cinto enquanto Martina ainda me olha com uma cara indignada.

— Carlos — sua voz fica mais firme. — Que história é essa?

Deixo o ar escapar pelo meu nariz  terminando uma respiração profunda e começo a explicar pra ela tudo o que Clair e eu conversamos sobre isso. O comandante faz o avião decolar no meio de toda a minha explicação e, assim como o status do vôo, ela parece se acalmar um pouco depois de ouvir meus argumentos.

— Acho que vai ser melhor assim, passarmos esse tempo com a minha família. Assim você pode conhecê-los mais a fundo também.

— Tá, mas você deveria ter me dito isso antes — ela resmunga.

— O ponto é que não teria feito diferença, teria Tina?

— Como assim não teria feito diferença? Você por acaso falou pra eles sobre isso daqui — ela aponta o dedo pra mim e depois pra ela — ser tudo obra de uma assinatura em um papel?

Engulo seco e o silêncio preenche a cabine onde estamos, sem nenhum sinal de Clair pra vir me ajudar. Martina solta o ar em seguida em um suspiro frustrado.

— É, foi o que eu imaginei...

— O ponto é que você não precisa ficar nervosa — tento tranquilizá-la —, nós não precisamos contar pra eles que estamos namorando, assim de uma vez... a gente pode só preparar o terreno com esse momento juntos em Barcelona.

As sobrancelhas dela se unem, enquanto ela pensa sobre o que acabei de dizer.

— O nosso grande problema agora é alinhar algumas coisas pra essa visita, já que não tem mais como escapar dela — Martina pega o celular e encara a pequena tela por um segundo. — Temos algumas horas disponíveis até chegarmos lá e podemos discutir o que faremos.

— É simples, não precisamos discutir, basta só ser você mesma que é impossível meus pais e minhas irmãs não gostarem de você — as palavras saem sem muito filtro e os olhos dela mais uma vez me analisam como se estivessem procurando uma mentira em tudo o que eu disse.

Encaro o fim dos protestos dela como uma chance de continuar o meu ponto sem que entremos em uma nova discussão.

— Todos vão ficar um pouco surpresos com você lá, isso é verdade, mas quanto menos nós combinarmos coisas e mais sermos espontâneos é melhor — complemento. — Eu não sei mentir para os meus pais, então, vamos apenas omitir algumas coisas, já que você vai ter que conviver com eles durante toda a temporada.