49. and my t-shirt from the night before

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If you stay with me again
Would you mind closing the bedroom door?
Toothbrush, DNCE



CARLOS SAINZ

O caminho até a casa não era tão longo, mas tínhamos pelo menos mais quinze minutos dentro do carro acompanhados do cair da tarde em Barcelona. Martina usava a minha camiseta e quase dava pra ver todo o contorno dos peitos dela marcando o tecido. Estava sendo impossível pra mim não associar cada detalhe dela com o que presenciei hoje a tarde. A pele macia sobre o meu toque, o peso do seu corpo em cima do meu, os gemidos roucos dela enquanto nos movimentávamos juntos.

Nem quero falar sobre a imagem dos seus olhos me encarando do meio das minhas pernas, isso é algo que vai me perseguir por muito tempo ainda e espero que não demore até repetirmos esse ato.

Tento distrair minha cabeça com as perguntas de Clair, começamos a responder algumas enquanto ainda estávamos no barco e, para preencher o silêncio até em casa, resolvo eu mesmo perguntar algumas outras.

— Diga três coisas que eu e você temos em comum — digo, chamando a atenção dela, que vira o corpo para me olhar, enquanto dirijo.

— Hm, qualquer coisa?

— Qualquer coisa.

Martina mexe no seu cabelo com uma das mãos, ele não está totalmente seco depois do nosso mergulho no lago, então ela enrola uma das mechas nos dedos devagar.

— Não sei se você vai concordar — ela começa levantando os dedos a medida que cita as coisas. — Mas eu acho que nós dois temos uma ideia muito clara do que acreditamos, não passamos por cima dos nossos próprios valores. Nós dois temos um apego emocional em uma casa, você na de Barcelona e eu na casa da minha família em Roma. A última coisa é que acho que temos o mesmo senso de humor meio esquisito mas sempre nos compreendemos nesse aspecto.

Concordo com a cabeça, enquanto deixo um sorriso escapar. Ela tinha abordado tudo o que eu ia dizer, pra ser sincero, então precisei de um pouco mais de tempo para elaborar a minha resposta.

Desde que nossa amizade começou, Martina e eu nunca nos cobramos para mantê-la de pé. Era algo que simplesmente se mantinha sozinho, como se fossemos destinados a ser amigos. Contanto que por um tempo, assim que comecei minha carreira no kart, ficamos bons momentos sem nos falar e mesmo assim isso não foi suficiente para quebrar o vínculo que construímos um com o outro.

Era muito fácil conviver, conversar e até mesmo gostar dela.

— Você abordou todos os pontos que eu tinha pensado quando li essa pergunta — digo, de forma sincera. — Talvez eu possa mudar um pouco e dizer três coisas que eu gosto em você que são muito diferentes em mim.

O sorriso surge nos lábios dela como se eu tivesse dito um elogio.

— Essa eu quero ver — ela sibila enquanto ainda sorri pra mim.

— Eu gosto da forma com que você vê o mundo, sempre atenciosa e disposta a encontrar soluções melhores para problemas comuns — reduzo a velocidade, quando avisto a casa logo a frente. — Acho bonita a forma com que a fotografia ocupa um espaço na sua vida e como é capaz de expressar a sua opinião através dela. Por último, gosto que você se adapta a qualquer situação, na verdade, essa deve ser a nossa maior qualidade em comum, por que sinto que também sou assim. Somos expostos a um estresse e lidamos bem, mesmo com todos os obstáculos a frente.

— Acho que concordo com isso também — Tina diz ao mesmo tempo em que paro o carro e desligo o motor.

Embora já tenha estacionado o carro e me livrado do cinto, não faço nenhum movimento pra sair de dentro dele e Martina se mantém onde está também. Engulo seco quando olho pra ela, sentindo a minha boca salivar e o meu corpo responder de forma diferente só por ela estar ali comigo agora.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora