barcelona | carlos sainz

58. but i'd wait a million more for you

I surrender who I've been for who you are
For nothing makes me stronger than your fragile heart
— Turning Page, Sleeping At Last

MARTINA FERNANDEZ

O final de semana começou agitado.

Desde que chegamos de Maranello foi uma correria, principalmente por que Carlos precisava participar de um ensaio de casamento com os pais e as irmãs. Quando acordei, ele já tinha saído e aproveitei esse tempo sozinha pra me organizar quanto ao cronograma.

O casamento de Ana e Rodrigo aconteceria em Madri, mas a festa seria onde estamos agora, uma linda propriedade que é a vinícola da família Sainz.

Assim que colocamos os pés aqui eu soube o quão especial o casamento de Ana seria. Mas não tinha como esperar menos de uma garota tímida que vai casar com o amor que tanto procurou nos livros.

Nisso eu e Carlos concordávamos: eles foram feitos um para o outro.

A casa era grande e tinha um estilo mais rústico com muitas decorações em madeira de coloração mais quente. Era como receber um abraço em forma de casa.

E a vista... nossa.

De qualquer janela era possível ver as parreiras ao fundo entrelaçadas umas nas outras.

É linda e repleta de significados. Fiquei me perguntando qual seria a casa dos Sainz favorita da Blanca, já que esta claramente é a de Ana e Barcelona grita o nome de Carlos em cada canto por onde a gente passe.

Eu estava fascinada.

Minha sorte, apesar de toda a agenda apertada, é que Blanca trouxe o meu vestido pra cá e reservou um horário com o cabeleireiro e maquiador dela. Então, ficaríamos prontas juntas pra ir a cerimônia na igreja, que ficava a uma hora daqui.

Não vi mais Carlos quando ele voltou do rápido ensaio, mas a interação com Blanca era engraçada e reconfortante.

Algo mudou desde a última vez que nos vimos e eu não sentia mais aquela pressão de ter que impressioná-la, era como se nas suas atitudes ela estivesse apenas mais acolhedora, sem tantas piadas envolvendo Carlos como uma espécie de proteção.

Demorou um pouco até finalmente ficarmos prontas. Ela me ajudou a fechar o zíper do vestido e eu a ajudei a colocar o casaco já que estava ventando um pouco.

O casamento de Ana ia ser às quatro da tarde e a festa ia começar a partir das seis.

— Esse vestido ficou tão lindo em você — Blanca me elogia, enquanto estou colocando os brincos pequenos e ajustando meu coque.

Agradeço com um sorriso, mas uma parte de mim também está ansiosa para o que Carlos vai achar da peça. Não contei pra ele o que tinha escolhido e ele também não fez questão de perguntar, então seria completamente surpresa.

— Onde está o Carlos? — questiono e Blanca me encara como se estivesse me analisando. — Não o vi desde hoje pela manhã...

— Houve um problema com algo em Madri, nosso avô ia precisar de um motorista, então papá achou melhor que Carlos e Guillermo fossem buscá-lo — ela responde. — Achei que ele tinha te avisado que sua companhia hoje seria eu.

Um de seus dedos apontou para o celular próximo a mim, mas dei de ombros. Era um silêncio estranho da parte dele, mas talvez só tivesse esquecido de mandar atualizações. Carlos tinha essa mania mesmo.

— Ele é meio ruim de resposta quando o assunto é celular — brinco e Blanca concorda.

Temos mais um momento de silêncio, que eu decido não questionar mais nada. Quando tiver que encontrá-lo vou saber a reação dele.