11. the haters gonna hate

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I'm dancing on my own
I make the moves up as I go
And that's what they don't know

Shake if off, Taylor Swift

MARTINA FERNANDEZ

Estava tudo certo com a minha viagem para acertar os últimos detalhes do meu "relacionamento" com Carlos. Clair deixou minhas passagens de avião agendadas e não se importou quando pedi à ela se seria possível ficar alguns dias em Roma, antes de eu ir definitivamente para Maranello.

Antes de embarcar nessa loucura eu precisava reforçar um dos grandes motivos pelos quais fiquei em Miami e ouvi Carlos me propor a última coisa que eu imaginaria que acontece no mundo do automobilismo. É claro que já ouvi boatos sobre namoros de mentira, mas tudo sempre parece uma conspiração da mídia e não algo real que as pessoas se submetem em troca de alguma coisa.

E cá estou eu, me rendendo ao absurdo. Concordando em me prender em troca do que eu acredito ser o meu passe livre para a liberdade.

Ficar em Roma alguns dias tinha um objetivo afinal. Eu queria visitar a minha mãe, ver como ela estava pessoalmente e saber em como posso ajudá-la durante esse ano. Tenho consciência de que vai ser diferente, mas se tudo o que eu imagino dessa conversa estiver certo, saberei exatamente como Carlos pode me retribuir pelos serviços de namorada de mentira que estou oferecendo.

Sei que ele não se importa, mas me mata um pouco por dia o fato de muitos dos meus problemas serem resolvidos com dinheiro. Algo que eu mais precisava agora e odiava admitir.

A casa onde morei a minha infância toda fica em um bairro nobre de Roma e era uma das grandes propriedades que meu pai acumulava. Quando comecei a crescer, nos mudamos para Madrid que era onde os negocios do meu pai estavam dando mais certo e foi nesse período que eu e Carlos nos conhecemos.

Estudamos na mesma escola e por um tempo fomos do mesmo grupo de amigos. Nem sei se posso considerar que fomos melhores amigos naquela época, mas eu sabia que podia confiar nele e a nossa amizade de baixa manutenção continuou existindo quando nos formamos na escola. Ele começou a correr em período integral e eu estava com tudo pronto pra ir pra faculdade.

As memórias desaparecem uma a uma, dando lugar a uma nostalgia de estar na cidade eterna mais uma vez. Quando o táxi adentra o bairro que eu me lembrava tão bem, até a sensação térmica era diferente, uma vez que as ruas eram mais arborizadas e as casas mais distantes umas das outras. Peço pra que o motorista me deixe um quarteirão antes do endereço, para não ter o perigo de encontrar com alguém entrando ou saindo da entrada principal.

Quando coloquei os pés no quintal de casa, uma sensação ruim me acolheu. A última vez que estive aqui também foi a última vez que falei com meu pai. Nós tivemos uma discussão sobre os atos que ele praticou e eu ainda guardo um ressentimento muito grande dentro de mim. Lembro do olhar triste da minha mãe por nos ver brigar, mas não tinha muito o que eu pudesse fazer e aceitar esse comportamento dele não era uma opção.

É de se admirar que apesar do seu vício em apostas, meu pai ainda sustentasse o peso e o preço de manter essa casa.

Justo essa, que era um dos meus lugares favoritos no mundo.

Mas hoje eu vim aqui por causa da minha mãe e não quero pensar nele a não ser que seja estritamente necessário. Usei a minha chave reserva que levava comigo pra todo lugar e me senti uma intrusa quando adentrei o quintal e comecei a contornar a casa por fora, enquanto analisava os seus detalhes sem que isso chamasse a atenção.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora