20. i hear your voice in the dark

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I wish you knew that
I'd never forget you as long as I'd live

I wish you would, Taylor Swift

CARLOS SAINZ

Martina. Estava. Me. Beijando.

Tipo, beijando de verdade.

Apesar dela ter me avisado para não ficar surpreso, não pude evitar. Tudo aconteceu rápido demais. Em um momento estávamos nos abraçando, no outro os olhos dela sorriam pra mim e suas mãos encontraram o meu rosto. Senti a boca formigar no momento em que os lábios dela encostaram nos meus em uma surpresa gostosa.

O beijo foi simples, um selinho demorado.

Como já tínhamos combinado antes e, apesar dela ter exigido que eu a avisasse caso fosse fazer algo desse tipo, Tina não me deu mais do que quinze segundos pra processar o que ia acontecer. Não que eu esteja reclamando, até por que uma coisa é fato: ela era bem melhor em improviso do que eu.

Os flashes dispararam de todos os lados e de fundo ouvi um gritinho de comemoração que soava muito como a voz da minha irmã mais velha. O que levou o meu cérebro rapidamente a se lembrar que meus pais estavam vendo essa cena, mesmo depois de eu ter quase jurado de pé junto que não estava rolando nada entre a gente.

Bom, em tese não pode ser considerado uma mentira, mas ficava difícil argumentar contra depois disso tudo. É um problema para o Carlos do futuro lidar.

Vários pensamentos a mil por hora dentro da minha cabeça e tudo acaba voltando para o mesmo lugar: a boca macia de Martina ainda colada na minha. Eu podia me acostumar com isso, com ela me beijando assim.

Quando interrompemos o contato, ela ainda mantém as mãos no meu rosto e vejo de perto o momento em que o seu rosto cora após esse ato de ousadia. Me inclino na direção dela mais uma vez, dando um outro selinho rápido antes de voltar para a garagem com um sorriso idiota no rosto.

É isso.

Se eu achava que hospedar ela na minha casa, dormirmos no mesmo quarto e dividirmos a mesma cama era puxar band-aids o suficiente, Martina provou que ainda tínhamos muito a provar e, em breve, a foto do nosso primeiro beijo também renderia algumas primeiras páginas esse fim de semana.

*

Nada mais aconteceu depois de toda aquela cena pós quali. Fui questionado por um ou dois jornalistas a respeito do beijo e dei a eles respostas evasivas o suficiente para não perguntarem mais nada. Os mecânicos me deram tapinhas nas costas. Todo mundo parecia querer comentar sobre o beijo mas ninguém de fato teve coragem de dizer isso com todas as letras.

Quando terminei minhas obrigações, subi para o meu closet no motorhome para me preparar pra ir pra casa, estava trocando de roupa quando ouvi a porta ranger.

Entonces, ¿es solo una amiga tuya? — a voz do meu pai em um tom irônico preencheu o meu closet, "Então, é só uma amiga sua?".

A pior parte de beijar alguém pela primeira vez na frente dos pais era essa, eu me sentia um adolescente que levou uma garota pra jantar em casa, disse que tinha que fazer um trabalho da escola e foi pego momentos depois no maior amasso com ela no sofá da sala.

— Ela me beijar não quer dizer que não somos amigos — digo, mantendo o tom neutro.

— Gosto dela — é tudo o que ele diz e sei que o assunto foi encerrado. — Inclusive, vou sair pra jantar com todo mundo e como você precisa descansar Blanca pediu jantar pra você e pra Martina comerem em casa.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora