71. coffee at midnight

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Small talk, he drives
Coffee at midnight
You are in love, Taylor Swift

MARTINA FERNANDEZ

Eu não resisti ao instinto de me levantar e ir na direção dele, quase como uma pequena corrida em busca de um abraço que eu sabia que ele precisava, mas que só entendi que precisava também quando me joguei nos braços dele.

Carlos deixou a mala cair no chão antes de me receber e enfiou o rosto no vão do meu pescoço quando retribuiu o meu abraço.

Não falamos nada, só ficamos assim por um minuto inteiro. Recarregando as baterias um do outro antes de poder entender o que aconteceu.

Por um momento, pensei nos demais presentes nesta casa. Os pais dele, Blanca e Guillhermo. Embora saiba que a sua família sabe respeitá-lo, não sei se compreenderiam a tristeza no olhar dele quando deveria ter chego de Monza fazendo a maior festa com o troféu na mão.

Sei que é impossível que tenham dormido imediatamente quando me deram boa noite e alguns quartos tem vista para a entrada da casa, então logo saberiam que ele chegou.

Ouço uma movimentação no corredor e sinto uma necessidade de protegê-lo da socialização, pelo menos hoje.

— Eles ainda estão acordados, tem algum lugar que a gente possa ir aqui na região? — sussurro próximo do ouvido dele, me afastando o suficiente pra poder olhá-lo. — Está com fome?

Um sorriso sem graça surge nos seus lábios quando ele compreende que não vai conseguir me enganar. Mas ao mesmo tempo Carlos sorri de uma forma que parece um agradecimento, desviando o olhar do meu para focar do outro lado do cômodo por uns segundos.

— A essa hora todos os restaurantes estão fechados — ele sussurra de volta e concluo que ele deve ter olhado a hora no grande relógio do outro lado da sala.

— Eu sei, idiota — deixo um tapa sem força alguma no ombro dele e o sorriso se alarga um pouco. — Qualquer canto serve, vai pro carro e pensa em algum lugar que dê pra gente sentar, pelo menos. Eu vou pegar meu moletom e algo pra você comer...

Quando estou prestes a me soltar dele, Carlos me segura mais forte e nossos olhos voltam a se encontrar.

— O moletom não precisa — ele diz em um tom suave, quase apreensivo. — Tenho um sobrando na mala.

Concordo com um aceno de cabeça e deixo um sorriso frouxo escapar dos meus lábios quando ele afrouxa a mão do meu braço e me vejo livre pra correr até a cozinha.

Tudo o que achei foi a garrafa térmica que tinha o café que fiz depois do jantar, o leite que estava na geladeira, alguns pequenos pães que Reyes trouxe de Madri e a geléia de morango que Blanca fez questão de trazet de Maranello por que sabe o quanto ele gosta. Peguei alguns talheres e uma caneca também.

Coloquei tudo em uma ecobag de mercado que estava dando sopa em cima da mesa e comecei a caminhar até a porta de entrada sentindo meu coração se acelerar.

Estava prestes a por a mão na maçaneta quando sou surpreendida por Carlos Sainz Sr. na beira da escada.

Ele com certeza notou que o filho já chegou.

Tina? — a voz grave dele me faz paralisar por um momento, mas reuno toda a minha capacidade de atuação e me viro na direção dele, com uma expressão culpada no rosto. — Onde está indo?

— Ah — sinto minhas bochechas corarem e agradeço por ter apagado uma parte das luzes antes de que Carlos tivesse chego, a mentira desliza pela minha língua rápido demais. — Seu filho chegou tem uns minutos, pensamos em dar um pulo na praia, hm... pra comemorar o resultado de Monza.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora