63. the sky turned black like a perfect storm

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Finally clean
Think I'm finally clean
Clean, Taylor Swift

CARLOS SAINZ

Um relâmpago corta o céu rapidamente enquanto vejo Martina caminhar na minha direção. Minutos atrás observei uma interação curiosa entre ela e Esteban Ocon. Os dois pareciam estar tendo uma conversa casual até que a reação dela às suas palavras mudou completamente, Martina não é do tipo que se surpreende negativamente com algo que alguém fala, mas o que ele disse com certeza a surpreendeu.

Enquanto vejo ela se aproximar, desvio o olhar para Ocon que me cumprimenta com um aceno de cabeça e um sorriso, nada fora dos padrões.

¿Que pasa? — questionei assim que ela se aproximou e Tina vira o rosto pra poder espirrar longe de mim, "O que foi? Você está toda molhada.". — Estás todo mojado.

Ela deve ter ficado mais tempo embaixo da chuva fotografando do que prestou atenção por que o moletom que ela usa está todo úmido e já é possível ver alguns pingos escorrerem pelo seu cabelo.

Assim que ela espirra mais uma vez, tiro minha jaqueta impermeável e coloco nos ombros dela. Sei que não vai ajudar tanto, já que ela não está seca, mas pelo menos não fica ainda mais molhada e o vento suave não vai incomodar tanto, Martina aceita minha jaqueta sem protestos, então, sinalizo para continuarmos andando. Estamos a poucos metros do motorhome agora e fico pensando que com certeza devo ter alguma blusa de frio seca por lá pra que ela troque antes de irmos embora.

Por um momento, minha mente retorna para a situação inicial e chama a minha atenção que ela não tenha dito nada e pareça um pouco distante. Desde o início da gripe estamos assim e eu sei que também não fui o melhor amigo do mundo nesses últimos dias.

Sinceramente, eu acho que desde que soube de tudo em Maranello eu não estava sequer sendo uma boa companhia pra mim mesmo, imagine para os outros então...

Tudo sobre o meu contrato com a Ferrari, minha conversa com Vasseur sobre prioridade na equipe e o meu silêncio estava alugando mais espaços na minha cabeça do que eu gostaria de admitir. Sei que fiquei ausente e isso também incluía dar atenção pra Tina.

A parte boa é que ela respeitava tanto o meu espaço que chegava a ser constrangedor em momentos como esse, nos quais ela parecia querer dizer algo mas escolhia ficar calada.

Ei, cariño — digo em um tom baixo só pra que ela escute, seguro sua mão e paramos depois de alguns passos. Observo a sua expressão que agora parece mais tímida a medida que ela sustenta o meu olhar e levo uma das mãos ao seu rosto, sentindo sua pele quente demais ao toque, "Ei, querida, o que foi?". — ¿Qué pasa?

Martina me encara e um sorriso discreto surge nos seus lábios. A ponta do seu nariz está um pouco vermelha, imagino que de tanto ela assoar ao longo do dia. Sua expressão ainda denuncia o quanto ela está cansada.

— Só estou doente — é tudo o que ela diz e mais uma vez ela não toca no nome de Esteban.

Me sinto tentado a perguntar, mas assim que abro a boca, um resmungo interrompe nós dois.

— Eu não acredito que vocês dois estão parados aqui no meio da chuva batendo papo — a voz mandona de Clair quase tira uma risada de mim. — Se você ficar doente, Sainz, vai ter trabalho dobrado em Monza, então sugiro que vocês dois venham para dentro do motorhome e terminem o que quer que seja que estavam discutindo longe do vento gelado. E você, mocinha..

Clair levanta o dedo na sua direção e a risada de Martina me faz olhar de volta pra ela, bem quando ela passa a mão pelo cabelo e parece que a expressão preocupada se dissolve juntamente com as gotas de chuva que estavam no seu rosto e que ela acabou de limpar com as costas das mãos.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora