55. he's a paradox

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Atenção: este capítulo contém cenas de sexo e linguagem explícitas. Se esse é um tema sensível pra você, pode pular para o próximo com prejuízo mínimo na compreensão da história.




I'm seeing visions, am I bad?
Or mad? Or wise?
Guilty as Sin?, Taylor Swift

CARLOS SAINZ

Eu estava preocupado.

Depois das palavras de Vasseur parece que uma parte do meu mundo tinha caído como um castelo de cartas sob a brisa do verão. Ele foi muito claro quando deu a entender que não sabia ao certo se seria possível a nossa renovação e, mesmo que ele não tivesse comentado, eu sabia que a renovação do meu companheiro de equipe viria, Charles não estaria sendo priorizado se a equipe não o quisesse por mais algumas temporadas.

Meu coração martelava com a sensação.

Eu sei que fiz muito pela Ferrari. Na verdade, eu fiz tudo o que pude e o que não pude por essa equipe. Ainda continuo fazendo. Eu estou aqui pra dar o meu melhor, por que vestir rosso corsa é um sonho enorme pra mim que agora eu estava vendo ruir diante dos meus olhos.

Meu primo, Caco, conversou alguns minutos comigo por telefone enquanto eu dirigia, me disse algumas palavras amistosas e que, não importa o que venha pela frente, nós faríamos isso acontecer. Mas, apesar disso, eu também não sentia nele a firmeza que eu esperava e que sempre via nos olhos dele quando fazemos negocios juntos.

O pressentimento ruim não ia embora.

Só piorava.

A dor na minha barriga também não melhorou, mesmo depois da adrenalina da situação ter abaixado. Eu ainda sentia o meu estômago borbulhar como se toda a raiva tivesse se personificado e quisesse dissolver ela mesma o sapo que eu tinha engolido com toda essa história.

Durante o caminho todo de volta pra casa, desde que entrei no carro, eu me senti um fantasma.

Sorri para alguns fãs que estavam na frente da sede da Scuderia quando eu saí, assinei algumas camisetas, respondi algumas perguntas. Mas o Carlos que estava ali com eles não era eu, era uma versão minha usada apenas em situações de emergência.

Era superficial.

Era falsa.

Quando finalmente cheguei e coloquei os pés em casa, esperava sentir alguma paz, mas nada mudou.

Então, quando ouvi o barulho de água na cozinha, percebi que não estava sozinho.

Clair tinha me dito mais cedo que tinha uma surpresa me esperando em casa, no entanto, toda essa história de renovação de contrato me perturbou de um jeito que acabei me esquecendo momentaneamente desse fato.

Quem quer que estivesse aqui, era conhecido o suficiente pra ter a chave da minha casa, então imagino que não vou ter muitos problemas em simplesmente dizer que estou me sentindo indisposto e ter um momento a sós comigo, pra processar tudo o que aconteceu.

A minha maior surpresa foi atravessar a sala e ver os cabelos castanhos que eu tanto estava familiarizado do outro lado, na cozinha.

Martina tinha lavado um copo e agora procurava alguma coisa na geladeira pra beber. Deixo um sorriso aliviado escapar quando me dou conta de a presença dela me tranquilizava e que eu sabia que se não quisesse falar sobre o que aconteceu, ela não ia me forçar a nada.

Era estranho o sentimento de pertencimento dela, eu não sentia a minha privacidade invadida na minha própria casa como acontece com frequência quando meus pais ou minhas irmãs me visitam, era como se ela sempre tivesse estado ali, como se morasse comigo.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora