72. you can feel it on the way home

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One step, not much
But it said enough
You are in love, Taylor Swift


MARTINA FERNANDEZ

Quando Carlos me disse que iríamos para Roma naquela tarde, eu quase não acreditei. Ele não quis me dizer exatamente a razão pra isso, mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde teríamos que voltar para Maranello para a intensa preparação do Grand Prix de Singapura e, bom, Roma estava no meio do caminho.

Talvez ele tenha tomado essa decisão por que a notícia da gravidez de Blanca elevou o astral dos Sainz como um todo, Carlos parecia emocionalmente mais animado com toda essa situação, embora em alguns momentos ainda fosse possível notar que ele apenas respondia o que era perguntado, não iniciando nenhuma conversa ele mesmo.

O assunto Monza não surgiu durante todo o final de semana, como eu já imaginava, no máximo alguns abraços o parabenizando pelo pódio. Mas apesar dele parecer satisfeito com a omissão do que aconteceu, isso ainda estava preso na minha mente como um assunto mal resolvido.

Depois que terminamos de lavar e secar a louça, arrumamos as malas e os pais dele nos levaram até o aeroporto de Mallorca. A previsão é que estivéssemos em Roma até o final da tarde, já que seria em torno de duas horas de voo.

Carlos não falou muito durante todo o trajeto de carro e teve sorte que seus pais estavam animados demais com a ideia de serem avós que nem notaram que ele estava esquisito desde que chegou. Era como se ele estivesse fechado dentro de si mesmo e distraído com o que estava ao seu redor, tentei não fazer disso uma grande coisa, afinal, talvez ele precise desse silêncio que sei que não vai ter em nenhum outro lugar e é por isso que também tomo a decisão de não ficar puxando nenhum assunto.

Quando já estávamos sentados em nossas poltronas no confortável jato que o levava de um lugar para o outro, no meio da viagem, resolvo ocupar o tempo vasculhando dentro da minha bolsa algo para me distrair e encontro o pequeno caderno que Ana me deu como presente de melhoras.

Leio novamente o que ela deixou escrito pra mim e lembro do que conversamos em Mallorca assim que ela me viu. Ana queria que eu o usasse de forma criativa, mas como exatamente eu faria isso?

Volto a olhar para o Carlos, que encara o mundo pela janelinha do avião com uma expressão fechada e algo no meu coração se aperta. Os cabelos escapando pelas laterais do boné, a pele dourada dele se contrastando com a camiseta branca. Era incrível como poucas horas de sol já eram o suficiente pra bronzeá-lo, como se ele tivesse nascido pra isso... pra ser beijado pelo sol.

Deixo um sorriso idiota escapar e volto a encarar o caderninho de Ana, porém o sorriso desaparece quando me lembro do quão mentirosa era toda essa sensação que eu sentia.

Não somos namorados de verdade, lembro minha mente da informação mais importante.

É aí que uma ideia maluca me ocorre e aperto a caneta que estava segurando na outra mão, como se tivesse descoberto o propósito do caderno em uma epifania.

Eu tinha certeza de uma coisa: eu e Carlos não íamos durar até o fim da temporada, isso tudo é um contrato assinado e eu sei que ultrapassei os limites quando me apaixonei por ele.

Mas e se eu simplesmente aproveitasse esse tempo?

E se eu só agisse como a pessoa completamente apaixonada que eu sou e colecionasse as memórias de nós dois?

É melhor passar mais seis meses com ele e aproveitar a sua companhia, seus beijos, o sexo... do que evitá-lo e fingir que estamos no mesmo lugar que estávamos antes.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora