barcelona | carlos sainz

16. you're thinking that i hate you now

"You always knew how to push my buttons
You give me everything and nothing"

— I wish you would, Taylor Swift

MARTINA FERNANDES

Mônaco foi uma experiência a parte em todos os aspectos.

Tanto sensoriais, com a visão do Carlos usando apenas uma cueca a dois metros de mim que me faz corar até agora só de lembrar e com a sensação incrível do ronco dos motores que inundou o meu coração de adrenalina quando os carros passavam pelo setor que eu vi a corrida com Clair.

Quanto emocional, com toda a minha coragem pra ser uma namorada de mentira provocando Carlos e, em seguida, sendo massacrada por um grande pavor de ser apenas uma fraude que todo mundo pode ver.

Foi por isso que eu agradeci tanto que ele me deu a opção de planejarmos alguns movimentos e eu poder prever que cara preciso fazer ou a forma com que vamos nos portar um na frente do outro quando estivermos em público.

Uma parte de mim achava que seria um trabalho fácil, afinal Carlos é meu amigo, por que teria algum problema de fato? Mas a outra tinha certeza que eu só poderia mesmo é estar ficando completamente maluca.

Agora, estamos sentados em uma área vip do aeroporto de Mônaco. São quarto da manhã e meu corpo ainda está cansado dessa semana em Mônaco, mesmo que a gente tenha ido até o hotel e dormido umas boas horas até estarmos aqui, não era a mesma coisa de dormir até acordar como eu geralmente fazia.

Uma grande parte dos pilotos já voou até Barcelona pelo que ouvi Clair comentando, e fiquei me perguntando por que diabos nós íamos embarcar no meio da madrugada.

— Por que mesmo estamos indo tão cedo pra Espanha? — reclamo e me aconchego um pouco mais na poltrona na qual estou sentada. — Não dava pra gente sair, sei lá, às nove da manhã?

— Carlos não gosta de viajar imediatamente depois da corrida e pra irmos mais tarde atrapalharia a rotina de treinos dele pela manhã — Clair me responde do outro lado da sala, enquanto faz um cappuccino pra nós duas e um café expresso pro meu melhor amigo, que foi ao banheiro minutos atrás.

— Ele tem umas manias esquisitas...

— Sim — Clair diz no meio de uma risada —, mas você vai se acostumar logo, não são tantas assim.

Ela me entrega o copo fumegante e deixa o de Carlos em cima da mesa de centro. Estamos só nós três aqui e começo a me perguntar novamente se a gente não poderia simplesmente ter vindo cinco minutos antes do avião estar pronto pra decolar. Todo esse tempo oneroso sentados no aeroporto parece um desperdício de energia, ainda mais pra uma pessoa que acorda e corre dez quilômetros que no caso, com certeza, não sou eu.

Falando nele, Carlos surge por um dos corredores e avista seu café na mesa de centro. Hoje ele está usando um moletom da Ferrari, cor creme que destaca a sua pele dourada, junto com um par de calças jeans. O outfit de sempre que me bastou uma semana com ele pra perceber que isso era quase uma espécie de uniforme. O padrão Carlos Sainz de se vestir. Da mesma forma, o seu cabelo está perfeitamente arrumado, como se ele tivesse acordado daquele jeito e isso, sem dúvidas, era a coisa mais injusta do mundo.

Eu demorei pelo menos meia hora pra dar um jeito no meu cabelo, então, não é como se eu não tivesse o direito de ficar com raiva se ele acorda bonito todos os dias sem fazer esforço algum.

— Tina, precisamos conversar — Carlos inicia um diálogo, chamando minha atenção mas também a de Clair. — Temos que decidir algumas estratégias sobre o nosso relacionamento.