O ABC do Amor

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O sol se despediu lentamente do horizonte,os convidados aguardavam os noivos,poucas pessoas haviam presenciado a briga de Pedro e Joaquim,entre elas Laura,ela me abraçou,e lançou um olhar ferino para o filho.
Joaquim passava a mão pelos cabelos e andava de um lado a outro,nervoso.
-Perdão lore,eu achei que você tinha contado a ele?
Me desvencilhei de Laura.
-Eu nunca faria isso,por mais que ele mereça a verdade,era algo que você devia ter feito.
-Perdão...
Ele repetiu,o silenciei com um gesto,eu não tinha vontade nenhuma de ouvir suas desculpas,só conseguia pensar em Pedro.
-Não é a mim que deve desculpas,não foi a mim que enganou por tanto anos.
As palavras ó atingiram em cheio,seu rosto se contorceu de culpa,lhe dei as costas e olhei para Laura que observava tudo em silêncio.
-Preciso ir atrás dele.
-Vou pedir para o motorista te levar...
-Não,preciso fazer isso sozinha.
Abracei minha amiga e ela assentiu.
Sai do quarto,e me apressei pelo corredor,erguendo a saia diáfana do vestido de noiva,quando do interior da pousada,pessoas que ainda chegavam para o casamento,me olharam surpresas,passei por elas,e fui até meu carro que estacionara nos fundos da construção.
Ao havia um lugar onde Pedro podia estar.
Um lugar onde ele se sentia em paz.

   As estradas estavam praticamente vazias ,eu dirigia com o coração batendo forte de nervosismo,só queria encontrar Pedro e me explicar.
Virei a curva e tentei diminuir a velocidade a ver um carro vindo rapidamente na direção contrária,mas o freio não funcionou,tentei manobrar o carro para a direita,mas o veículo perdeu o controle e começou a girar pela rodovia, antes de colidir violentamente contra a barreira de proteção da estrada. O som do impacto foi ensurdecedor, e o carro foi arremessado para o lado da estrada, deixando uma nuvem de poeira no ar. O silêncio se seguiu, interrompido apenas pelo som distante dos carros que passavam.

     .                      PEDRO

Eu perdi a noção do tempo,fiquei sentado na sala da casa ,que estava pronta para receber Lorena depois o casamento,olhando apara as paredes recém pintadas,que ela havia decorado com quadros de arte abstrata  de que tanto gostava.
  Tudo ali lembrava ela,desde os quadros de pintores que ele nunca lembrava os nomes,até as margaridas que enfeitavam os vasos.
Me arrependi de ter dado as costa para Lorena assim que o fiz,mas meu orgulho ferido e o sentimento de ter sido traído foi mais forte e a deixei lá,sozinha no dia do nosso casamento ,sem ter a chance de explicar como sabia da traição de Joaquim e Angela.
Me levantei abruptamente e enterrei os dedos nos cabelos,puxando o fios,a dor aliviando a raiva dentro de mim,eu sofrera todos aqueles anos,em luto por Angela,havia fechado meu coração para o amor ,até Lorena chegar na minha vida,sofrera por uma mulher que me enganara com meu primo,debaixo dos meus olhos.
Benjamim nunca poderia saber daquilo,eu não poderia deixar a imagem da sua mãe ser manchada para ele ,daquela forma.
Eu precisa passa por aquilo,e voltar para Lorena.
Meu celular voltou a tocar,peguei para ignorar mais uma vez,mas li as varias msg que brilhavam no visor,por um momento meu mundo parou.

Três dias depois...

Eu estava sentado naquele corredor do hospital a três noites,pessoas tinham ido e vindo,Laura,e Melissa principalmente,mas elas não podiam ficar o tempo todo,mas eu me recusava a sair dali,Lorena estava na UTI,ninguém podia vê-la,mas eu esperaria até que liberassem as visitas.
As vezes o sono vencia e eu dormia recostado a parede gelada,sempre atento a movimentação ,
Sabia que logo viriam dizer que ela estava fora de perigo.
Me recusava a pensar ao contrário,ela voltaria para para mim,e eu pediria perdão,me ajoelharia se fosse necessário,eu não iria perder a mulher da minha vida,que me tirara da escuridão em que eu vivia,que colorira os meus dias.

No quarto dia,uma enfermeira ofereceu para que eu ficasse na sala de espera,que era mais confortável,havia um sofá la,bem mais confortável que as cadeiras do corredor ,me recostei no couro gelado e fechei os olhos ,não me lembro de ter apagado ate um mão sacudir meu ombro.

-Pai.
Me levantei e encarei o homem com os olhos iguais aos meus,seu rosto envelhecera naqueles meses em que havíamos nos distanciado.
- O que está fazendo aqui?
Não era segredo que meu pai odiava meu relacionamento com Lorena,seu preconceito,que quase envenenara minha alma,estava impregnada na dele.
-Vim te buscar meu filho.-Ele falou com convicção-Já esta na hora de reunir nossa família de novo.
Ô observei sem acreditar,más não estava com animo para discussões,lhe dei as costas,observando pela janela o pátio do hospital.
-Va embora pai,a qualquer momento podem vir dar notícias da Lorena,não quero distrações.
Ele fez um muxoxo irritado,não me voltei.
-Ja esta na hora de parar com essa bobagem Pedro,você e essa mulher não foram feitos pra ficarem juntos,nossa família nunca se envolveu com essa gente escura,nosso sangue é puro.

Ô encarei.
-Não vou deixar suas loucuras me afetarem hoje ,a mulher que amo,está entre a vida e a morte,ela e só ela importa para mim nesse momento-falei-Os seus preconceitos,a sua alma doente não me importam.
Havia magoa nos olhos de Manuel,e ... tristeza.

-Eu te amo meu filho...
Corri ás mãos pelos cabelos.
-Eu eu também te amo pai,más não amo o que representa-lágrimas amargas deixaram meu olhos.-O que fez comigo em todos estes anos,você tentou me transformar em alguém preconceituoso e amargo como você,mas Lorena me resgatou e sim nós dois fomos feitos para ficarmos juntos,aceite isso,me deixe ser feliz pai.
Minha voz falhou,o esgotamento me preenchendo,todos aqueles dias de espera desde o acidente,o medo de perder a mulher que esperara uma vida toda.
Manuel tinha os olhos marejado ,me olhava como se me visse pela primeira vez.
Deu alguns passos para trás,ainda me encarando,finalmente se voltou e foi em direção a porta,parou sob o umbral e me olhou uma ultima vez.
-Perdão meu filho.
E se foi.