Capítulo Oito

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Sem revisão#

Lorena🌞

Por mais que tentasse evitar, meu olhar sempre recaía sobre o detestável e arrogante Pedro Mallman, que ocupava um lugar na mesa,bem defronte a mim.

Laura insistira para que ele ficasse para o almoço e praticamente me obrigara a dividir a mesa deles ,que ficava em um espaço reservado,não muito longe do salão principal,onde os hóspedes faziam as refeições.
Além de Laura, Pedro e eu, também estavam Joaquim,e seu pai,Afonso schmidt.
Conhecendo Afonso pude constatar que toda a família schmidt era adorável.

Ou quase toda.

Meus olhos recaíram sobre Pedro novamente.
Ele parecia bastante a vontade,entretido em uma conversa sobre adubo orgânico como senhor Afonso e Joaquim,seu semblante estava sereno e quando sorria,algumas marcas de expressão se acentuavam,deixando-o mais atraente.
E o desgraçado era irritantemente bonito,por mais que o detestasse, não podia negar isso.

-Por que escolheu alvorada querida?
A voz de Laura me situou,desviei a atenção do meu objeto de estudo e me concentrei nela.
Eu poderia dizer que fora um ato desesperado por que me encontrava em uma péssima situação e sem muitas opções, mas não quis parecer grosseira e esnobe com a cidade e a mulher que me recebera tão bem, então opitei por ser sucinta.
-Recebi a proposta pra lecionar aqui e depois de pesquisar e descobrir que era una cidade tão calma e agradável, resolvi aceitar,deixar um pouco para traz a agitação de São Paulo.
-Passei alguns dias em São Paulo a passeio- Laura fez uma cara dramatica - Juro que quase enlouqueci com todo aquele barulho,sempre vivi no campo acho que não conseguiria viver uma vida em uma cidade grande.

Ri e meu olhar se encontrou com o de Pedro, ele me obeservava sem reservas,me surpreendi por não estar com aquela expressão de desagrado que geralmente me lançava,como se minha existência o encomodasse.
-O Pedro também conhece são Paulo, né filho - a mulher o puxou para a conversa - estudou agronomia na USP.

Fiquei de queixo caido , aquele dia era realmente de muitas revelações,jamais imaginaria que aquele ogro sentado diante de mim cursara faculdade na USP,logo onde eu me formara.

Ele bebeu um gole de seu vinho e sacudiu a cabeça em concordância.
-Sim,mas não escolheria viver lá,não é meu tipo de lugar.
"claro, seu tipo de lugar é um estábulo"
Pensei,a língua coçando para ilustrar meu pensamento em voz alta,apenas não o fiz em respeito a família de Laura.
-Eu vivería bem lá - Joaquim comentou, desviei minha atenção para ele, este também olhava para mim- é uma bela cidade.

Sorri para ele,que retribuiu me lançando seu sorriso mais charmoso por cima da borda da taça que segurava.

Estávamos nos olhando ainda quando tivemos nossa atenção desviada por um pigarro nada discreto.
Era Pedro.
Olhava de mim para Joaquim com uma expressão indecifrável.
Certamente não queria nenhuma aproximação do primo com o meu "tipo" de gente, como ele mesmo dissera.

Um silêncio se instalou na mesa por um momento, mas foi rapidamente quebrado pelo patriarca dos schmidt.

-Então Lorena, nos conte um pouco sobre você,vamos gastar muito de ouvir.
-Claro vai ser um prazer, mas aviso que vão se decepcionar, minha vida não é nada empolgante.

Todos riram, menos Pedro.
-É muito modesta dona, tenho certeza que deve ter muito o que contar.
O cinismo na voz dele era tangível.

O Ignorei e comecei a falar um pouco sobre minha vida em São Paulo.
Contei que era órfã,das escolas onde já lecionara,de minha rotina nada empolgante e de minha melhor amiga Melissa.

Pedro não voltou a opinar, parecia muito compenetrado em sua sobremesa,um delicioso arroz docê.

Melhor assim, pensei,não estava afim de ficar respondendo seus comentários jocosos.

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