Capítulo Quarenta E Nove

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Pedro

Senti ela se aconchegar mais ao meu corpo,suas curvas voluptuosas se moldando a mim,com suavidade, fiquei de frente para ela, e  observei seu rosto sereno.

As lembranças da noite passada estavam vividas na minha mente,todos os momentos,inclusive a descoberta de que Lorena nunca estivera com um homem antes,eu fora o primeiro e pretendia ser Para ela, o único.

Deus, como eu amava aquela mulher,jamais pensei que pudesse amar alguém com tanta intensidade.

-Oi...
Lorena abriu os olhos e piscou pra claridade,a chuva cessara, e o sol já se infiltração pelas frestas da cabana.
-Oi. - repeti, não contendo um sorriso idiota.
-Como está se sentindo, doçura?
Perguntei brincando com uma mecha do cabelo dela,todo seu cabelo estava na desordem,espalhado pelo catre improvisado,não podia estar mais bonita.

Lorena baixou os olhos, e voltou a ergue-los e os fixar no meu rosto, fechei os meus quando ela correu os dedos pelo meu rosto numa carícia.
Quando voltei a abri-los, ela me olhava intensamente.
-Nunca me senti tão feliz. Falou
A minha felicidade foi completa ao ouvir aquelas palavras deixarem seus lábios.

Me inclinei e a beijei, cobrindo-a com meu corpo e reiniciando o que havíamos feito na noite passada.

Já passava do meio dia quando cheguei em casa, Lorena me deixara diante da chacara e seguira para casa,estava preocupada por que não dera noticias para a amiga, eu também não dera noticias,esperava não ter preocupado muito meu filho, meu pai certamente não ligara muito.

Logo que entrei em casa, estranhei o silêncio,fui até a cozinha e encontrei meu pai sentado à mesa, almoçando sozinho, nem sinal de Joana e Benjamin.

Manuel levantou um olhar carrancudo para mim,o molho que comia com polenta escorreu da sua boca e ele limpou com as costas da mão e tomou conta gole de vinho.

-Até que enfim resolveu aparecer.
Disse ,me encarando,coloquei a mão no bolso do jeans e me recostei no umbral da porta.
-Onde estão Ben e Joana?
Perguntei, meu pai encarou o copo de vinho, depois voltou a olhar para mim.

-Você sabia que seu filho estava metido com aquela crioula, filha do Jeremias Ribeiro, ainda?
Manuel se ergueu da cadeira, e seus olhos lançaram chispas de ódio,veio até mim e apontou o dedo na minha cara, não esbocei reação, permaneci impassível olhando-o,a muitos anos que meu pai deixara de me assustar,quando eu era um piá magricela, ele me fazia me encolher de medo,mas aquilo era passado,agora só restava  respeito, porque ele era meu pai. - Eu não te mandei dar um basta nisso.

-Ele é meu filho,minha responsabilidade.

Falei após alguns segundos de silêncio,meu pai deu alguns passos atrás e moveu a cabeça de um lado pro outro, indignado.

-Então porque não fez nada pra tirar de vez aquela negrinha suja de perto do meu neto.

As palavras preconceituosas que ouvi ele pronunciar por muitos anos,me fizeram estremecer de asco,como eu deixará meu pai fazer aquela lavagem cerebral e Mim, não podia permitir que ele fizesse o mesmo com meu filho, acabasse com a inocência dele como fez com a minha, anos antes,me impregnando com seu preconceito.

Endireitei o corpo,e encarei o homem a minha frente.
-Eu dei a minha permissão para Ben namorar com a menina do Jeremias.

OS olhos muito azuis de Manuel saltaram de órbita.
-Tu fez o que?!
-Ele tem a minha permissão,é o que basta.

Virei as costas e fiz menção de me afastar, mas meu pai me chamou, parei, mas sem me voltar.
-Sim, senhor ? Respondi
-Não adiantou nada tu ter permitido, já dei um jeito de afastar de vez meu neto daquela negra,ele nunca mais vai se misturar com essa raça amaldiçoada.

Ao ouvir aquelas palavras me voltei para ele vagarosamente.
-O que o senhor fez?
Questionei, temendo a resposta que foi pior do que eu imaginava.

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