Capítulo Dois

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Pedro

#sem revisão

Eu bebia minha cerveja tranquilamente quando ela entrou no bar do César, arrastando algumas malas.

Era uma guria negra,com uma cabeleira cacheada que parecia ter vida própria, magra,mas com curvas capazes de fazer um homem perder a razão,eu vivera toda minha vida em alvorada,cercado por mulheres, em sua maioria loiras e de olhos claros,a forasteira com sua pele escura e olhos negros prendeu minha atenção,mesmo contra minha vontade.

Fiquei obeservando enquanto ela conversava entretida com César,parecia pedir informações,da onde eu estava não podia ouvir o que diziam,e foi para minha total surpresa que César me chamou.
-Ei Pedro que tal dar uma carona pra moça aqui?
A mulher se voltou e ficou me olhando de forma estranha,era realmente uma bela fêmea,com lábios tentadores e....


Interrompi meus pensamentos, era só o que me faltava,me sentir atraído por uma negra imunda.

imagine o que meu pai diria se soubesse que seu primogênito estava tendo aquele tipo de pensamento em relação a uma negrinha qualquer.

Carlos Mallman ficaria furioso, eu ainda era uma criança quando ele me ensinou sobre a diferença entre as raças, e a superioridade da raça branca, desde que eu resolvera fazer amizade com um garoto negro que tinha acabado de se mudar para alvorada,lembrava nitidamente até hoje do dia que meu pai descobrira que eu e Bruno havíamos nos tornado amigos inseparáveis.

A mãe dele havia me convidado para almoçar e eu fui feliz da vida,não tinha nem tocado na comida ainda quando Carlos chegou e me levou arrastado de lá, depois de humilhar a família de Bruno e os mandar ficarem longe de mim.

Da surra de relho que levei,ainda tenho as marcas,e tudo que meu pai me ensinou sobre as raças impregna minha mente até hoje.

A negrinha continuava me olhando daquela forma estranha,os lábios ligeiramente entreabertos,e um olhar expectante.
Minha vontade era de não dar-lhe carona nenhuma, mas metade do bar me olhava esperando que respondesse que sim, afinal era só a droga de uma carona.

Caminhei até o balcão e larguei meu copo, a mulher parecia frágil parada ao meu lado,o topo da sua cabeça mal alcançava meu ombro.

-Pra onde vai dona?
As palavras saíram rispidas,mas não liguei,foi César quem respondeu.
-Ela tá está hospedada no flor da terra, fica no seu caminho,pode levá-la então.

Eu queria dizer que não ia levar a negrinha mas não tive escolha, assenti e resmunguei um sim, sem esperar por ela me encaminhei para saída.
Ouvi quando César a alertou sobre mim.
-vai lá moça,e não repara no Pedro, ele tem um jeitão meio bruto, mas é boa pessoa.

Eu estava ajeitando algumas coisas que havia comprado na caçamba da caminhonete quando ela se aproximou, sempre sorridente.
-

Obrigada por me levar,o senhor é muito gentil.

Lhe lancei um olhar gélido.
-Não, eu não sou,não com gente como você.
Ela me encarou confusa, mas não lhe dei tempo de dizer nada, sem rodeios peguei as malas delas e joguei na caçamba.

Os Olhos dela quase saltaram das órbitas ao ver seus pertences serem jogados sem nenhuma delicadeza .
- Ei, cuidado.
Lhe lancei um olhar indiferente e contornei o veículo, indo me acomodar no banco do motorista,passado alguns minutos e nada dela entrar no carro,coloquei a cabeça pela abertura da janela, ela estava parada no mesmo lugar,seus sorrisos gratuitos, tinham dado lugar uma cara de poucos amigos.
-Entre logo dona,não tenho todo o tempo do mundo e se tivesse não o gastaria com você.
Pude ouvir ela bufar de raiva, mas não demorou a entrar no carro,me fuzilou com aqueles expressivos olhos negros e me deu as costas,olhando pela janela do carro as paisagens lá fora.
Viajamos em silêncio.

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