prólogo

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Saí da agencia de empregos desanimada,recebi um sorriso caloroso da minha Melhor amiga Melissa Alcântara, mas devido ao meu estado de espírito fui incapaz de retribuir ela me aguardava recostada em seu carro, fora caridosa em dar-me uma carona,já que eu estava sem grana para custear a gasolina de meu velhinho e valente Audi,comprado com muito esforço em uma revendedora.

Eu realmente amava aquele carro e sentia saudades de conduzi-lo pelo transito caótico de Sao Paulo.
"Foco Lorena, você esta tão perturbada pela falta de emprego que anda ate sentindo falta de ficar horas presa no transito "
Falei para mim mesma,fazendo uma careta.
Mel arqueou uma
Sobrancelha,como era seu costume quando estava curiosa com algo,fiz para ela minha cara mais desanimada e me recostei ao seu lado no carro.
-Nada de novo?
questionou tão desanimada quanto eu,assenti e suspirei.
-Mas porque te chamaram aqui então,Lena?

Encarei o predio da agencia.
Ja fazia cinco meses que ficara desempregada, a escola onde eu lecionava havia sido fechada pelo governo e os alunos encaminhados a outras instituições, e os professores, bem alguns ainda lecionavam em mais de uma escola,mas eu não, sempre lecionara somente nessa escola ,pela manhã em uma turma infantil e a noite, somente para adultos matriculados no EJA.

Quando a escola foi fechada fiquei sem renda alguma.
Estava sobrevivendo com o seguro desemprego, que mal dava para as despesas triviais.
No dia anterior haviam me ligado da agência de empregos em que estava cadastrada,tinham arranjado algo para mim,eu exultara de felicidade,bem,isso até ser informada que a vaga de emprego era bem longe de Sao Paulo, mais especificamente no sul do país,em uma cidade interiorana da qual nunca havia ouvido falar.
- Alvorada!nunca ouvi falar.
Melissa comentou quando terminei de lhe contar da proposta de emprego.
-Mas Lena você nem ao menos considerou a hipótese?
Fiz um gesto de negativa.
-Não estou pronta para abandonar tudo aqui e partir para algo desconhecido Mel.
Aquilo pareceu meio ironico quando deixou meus labios, afinal não me restava muito coisa em São Paulo.

-Olha Lena, você è uma das pessoas que mais amo e ficar longe de você vai ser muito ruim,mas contigo se recusando a aceitar a ajuda de todos , inclusive a minha...
A olhei de soslaio,sempre que falava sobre eu não aceitar sua ajuda, Mel usava um tom dramático.
-Nao me olhe assim,sabe que é verdade.
E realmente era,muitos amigos haviam me oferecido ajuda financeira,principalmente Mel, mas em todos os casos eu recusara,desde cedo aprendera a me virar sozinha, queria continuar assim, além disso Mel tinha a pequena Anna para cuidar,e não era justo também ter de preocuparsse comigo.

Eu Sentia muito orgulho de minha amiga, que enfrentara uma gravidez sozinha.
Por mais que eu estivesse ao lado dela em todos os momentos, sabia como à presença do pai do bebê fazia falta e como fora difícil para Mel ser abandonada pelo homem que amava ao contar para ele da gravidez.
Eu queria ter dado uns bons tapas naquele filho da puta do André,mas Mel me pedira para deixar tudo relacionado a ele no passado, e eu respeitei sua vontade.

E Mel era tão feliz com sua Anna,que eu sabia que fora André quem saira perdendo, por não poder te-las por perto.
-Acho que devia considerar a proposta lena,ao menos considerar.
Mel prossegui,teimosamente neguei, a propósito a teimosia era um traço forte de minha personalidade.
-Vou continuar procurando, vai acabar surgindo uma oportunidade aqui em São Paulo mesmo, sinto isso. ..
Mel passou o braço pelo meu ombro, me abraçando.
-sabe que vou estar sempre aqui te apoiando em qualquer decisão não é. ..
Falou.
E eu sabia que sempre podia contar com minha melhor amiga.
Minha mãe costumava dizer que quem tem amigos nunca está sozinho, ela tinha total razão.

Minha mãe costumava dizer que quem tem amigos nunca está sozinho, ela tinha total razão

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Cheguei em meu apartamento quase me arrastando,abri a porta e suspirei satisfeita.
-Lar ,doce, lar.
Entoei .
Não havia sensação melhor,do que chegar em casa após um dia estressante.
Girei a chave na fechadura e só então notei os papéis que haviam sido empurrados pelo carteiro por debaixo da porta.
Os juntei e me amontoei no sofá para examina-los, não foi surpresa descobrir que eram todos cobranças,abri o último envelope e li seu conteúdo,minhas mãos ficaram tão trêmulas que tive que soltar o papel.

Era uma ordem de despejo,estava sendo convidada a deixar o apartamento por atrasos no aluguel.
Por um momento senti um pouco de dificuldade para respirar,o que seria de mim,desempregada e sem této?

Não sei quanto tempo fiquei estática naquele sofá,repensando toda a minha vida,eu sempre achara que teria uma carreira brilhante como pedagoga,e ali estava eu.

Lorena de Assis, pedagoga,desempregada e futura moradora de rua.

Eu chegara no fundo do posso...

Cobri a cabeça com uma almofada e dei um grito abafado,aquilo pareceu me acalmar e clarear minha mente,me fez lembrar.
-Eu ainda tenho aquela proposta de emprego no sul.

Dei um pulo do sofá e peguei o celular na bolsa, entoando um mantra para que a vaga ainda estivesse desocupada.

E ela estava.
Santa Catarina lá vou eu!

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