Capítulo cinquenta e seis

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Oi gente,capitulo novo,boa leitura.

bjs



BENJAMIM

O verão se foi,e o outono chegou e logo o inverno, tingindo a cidade com novas cores.

No começo ele veio tímido,mas logo as ruas foram se esvaziando quando o sol se punha e os poucos que encaravam as ruas cinzentas iam curvadas se protegendo do vento frio que parecia estar sempre soprando.

Eu particularmente ,gostava daquele clima,a vida parecia andar mais lentamente no inverno,os momentos pareciam se prolongar e e as pessoas se tornavam mais próximas,tal como eu e Beatriz naquele momento,abraçados sob o sol suave da estação,tentando achar formas nas nuvens.

As vezes a risada bonita dela ecoava pelo campo me contagiando,estávamos na propriedade do pai dela,que já não era mais território proibido para mim,apesar de meu pai e o dela ainda não estarem amigos, a hostilidade entre eles já não existia mais,um mutuo respeito reinava entre os dois agora e eu esperava que eles recuperassem aquela amizade de infância que meu avô e seu preconceito tinham destruído,fora Lorena quem me contara a historia,meu pai jamais me falara nada a respeito,ela e eu estávamos fazendo de tudo para reaproximar os dois,acabar com toda a influencia negativa que meu avô colocara sobre meu pai.

Pedro Mallman era outro homem desde que a divertida professora Lorena entrara na vida dele,e eu estava muito orgulhoso do meu velho e pelo jeito que os dos não se desgrudavam desde que havíamos nos mudado para a casa dela,enquanto não arrumávamos um lugar nosso,eu não duvidava que logo um casamento viria por ai.

Quem não ficaria nada feliz com a ideia seria meu avô.

Eu nunca mais o vira depois daquele dia,as feridas já haviam cicatrizado,mas as memorias ainda me atormentavam,e mesmo assim, eu as vezes me pegava pensando nele sozinho naquele sitio,apenas joana quisera ficar ao seu lado e mesmo assim não acreditava que ela fosse suportar os desmandos de meu avô por muito tempo e acabaria se afastando também,deixando-o entregue a própria solidão.

Eu já ouvira muitas pessoas falando que meu avô era assim por que já era idoso,que no 'seu tempo" era normal pensar como ele,como se isso pudesse justificar seu preconceito,mas eu pensava diferente,para mim,independente da idade e do que lhe fora ensinado ,você sempre podia mudar ,aprender com a vida e viver o melhor possível sem ofender ou diminuir os outros.

o mundo seria um lugar melhor se as pessoas aprendessem a respeitar uns aos outros...

Ver a mudança que Lorena provocara no meu pai era prova de que todos podiam mudar.

-Ta tao pensativo, algum problema ?

Bia se ergueu levemente,o suficiente para me olhar nos olhos.

-Ta tudo ok,tava viajando.    Respondi 

-Pra onde posso saber? ela brincou

 A abracei e a puxei de volta para meus bracos :
- longe.
Disse.
-Mas já estou de volta.

 


LORENA

Eu carregava uma cesta cheia de queijos, verduras e geleias em direção a meu carro quando ouvi outro veículo brecar quase em cima de mim,meu coração deu um solavanco e achei que minhas pernas fossem ceder com o susto.

Um homem desceu do carro e caminhou vagarosamente para mim, a princípio não o reconheci, ele estava usando um chapéu de palha, a aba cobrindo ligeiramente seu rosto,só quando estava a poucos passos que vi se tratar do pai de Pedro, Manuel Mallmann.

E ele acabara de jogar o carro sobre mim,certamente na tentativa de me assustar,não era a primeira vez que algo do tipo acontecia desde que Pedro e Benjamin haviam se mudado para minha casa.
A alguns meses Manuel vinha tentando me intimidar,com todo tipo de ofensa,eu nunca revidei por se tratar do pai de Pedro e de um senhor de idade,mas daquela vez ele passara de todos os limites, se não tivesse conseguido frear ,poderia ter me ferido gravemente ou até me matado.

O Encarei indignada
-O senhor enlouqueceu??! Poderia ter me machucado.  - Acusei

O homem não parecia nem um pouco arrependido, muito pelo contrário, me olhava satisfeito.

-Não se perdia grande coisa, era menos uma negra enfeiando o mundo.

As palavras do homem estavam cobertas de desprezo,me perguntava de onde vinha esse ódio gratuito.

-Escute aqui "senhor"  Manuel,essa foi a gota d'água,a próxima vez que o senhor se aproximar de mim vou dar queixa na polícia e o Pedro também vai ficar sabendo dos seus assédios.

O homem soltou um risinho jocoso
- Pode se queixar com quem quiser negra,principalmente pra aquele pedaço de merda do meu filho,que sujou meu nome  se deitando contigo.

Aquele sujeito era vulgar,não me surpreendia que tivesse envenenado por tantos anos a mente de pedro.

O Homem avançou uns passos e eu recuei,era vergonhoso, mas eu estava com medo daquele homem,seus olhos derramavam ódio e eu soube que ele era capaz de tudo movido por seu preconceito.

-Não se aproxime de mim...
falei, as palavras saíram fracas e eu tremia.
-Da próxima vez cadela preta,eu não vou frear, não,vou passar por cima e livrar meu filho de ti.

Ele se afastou em direção a venda  depois de dizer aquilo, eu nem ao menos consegui responder,estava trêmula e me sentindo frágil e desprotegida, logo eu, que sempre me julguei tão forte.

Mas daquele dia não passaria, eu iria contar a Pedro sobre a perseguição que seu pai estava fazendo a mim, já adiara demais.

Quando consegui controlar o tremor nas pernas, entrei no carro e dei partida,com as ameaças de Manuel Mallmann ainda ecoando na minha cabeça.




PEDRO


Observei  o fruto daqueles meses de trabalho,ainda era só a instrutura,mas logo aquela seria a casa onde eu iria viver com minha Lorena e benjamim.

Eu recebera ajuda de uns amigos ,mas a maior parte do trabalho fizera sozinho e me orgulhava disso,a casa era uma instrutura de dois andares toda em madeira rustica,quando estivesse pronta seria uma beleza de olhar.

E a chácara que eu comprara também começava a dar indícios do belo lugar para viver em que se transformaria,eu arara a terra e já começara a plantar algumas coisas.

Sorri diante do fruto do meu trabalho e tentei imaginar a cara de Lorena quando eu mostrasse tudo a ela,à meses que vinha mantendo segredo,porque queria fazer surpresa,mas naquela tarde queria trazer ela ate ali ,havia planejado tudo.

Coloquei a mão no bolso traseiro do jeans e tirei a aliança delicada que havia comprado,naquele dia,ali no lugar que eu escolhera para construir nosso lar eu a pediria em casamento,estava nervoso como um adolescente inexperiente ,mas feliz como não me lembrava de um dia ter sido.

Aquela mulher realmente mudara minha vida.


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