Capítulo Vinte Dois

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Lorena🌞

Dirigia o carro de Joaquim de volta para a pousada após um longo dia de compras.
Naquela semana Joel e eu havíamos assinado o contrato de locação e eu passara aquele sábado comprando itens que faltavam no meu novo lar.

Já era fim de tarde, mas deviam estar fazendo mais de trinta graus,eu usava apenas um vestido fino de algodão, mas ainda assim, sentia calor.

Para quem quase virara uma sem teto,eu progredira bastante,estava feliz dando minhas aulas na escola dom Pedro II,fizera bons amigos e estava prestes a me mudar para minha própria casa.
Trocar São Paulo pela cidade interiorana fora uma escolha acertada,afinal.

Remexi no player do carro,já havia um CD no toca discos, apertei o play para ver o que Joaquim andara ouvindo.

A voz potente do cantor Garth brooks encheu o interior do veículo,me recostei na poltrona e acompanhei a letra.
Cantar não era meu forte,mas como não havia ninguém para ouvir,eu podia desafinar a vontade.

Quando a canção deu uma pausa, antes de iniciar outra, tive a impressão de ouvir o lamento de algum animal.
Silenciei a música para tentar ouvir melhor, a janela do carro estava aberta, então não foi difícil.
Distingui o choro de um cachorro.

Estacionei o carro no acostamento da ruazinha de terra,estava na metade do caminho para a pousada, ali só havia Campos a se perderem de vista.
Desci do veículo e o choro do animal se intensificou,o cão parecia desesperado.

Andei em direção ao som,e fui parar a beira de uma cerca que separava a estrada de uma plantação de soja.
Uma parte da cerca estava caída e para meu desespero um filhote de cachorro estava preso no arame farpado,as pontas afiadas enrrolavan-se no seu pelo felpudo e o feriam,quanto mais ele lutava para soltar-se, mais se prendia.

Corri até ele, ferindo minhas pernas nuas na vegetação alta que antecedia o terreno plano onde ele estava, quando me viu, o pequeno voltou a choramingar,me abaixei e com todo o cuidado tentei soltá-lo, mas foi em vão.

Pedro ☕

O carro de Joaquim estava parado a beira da estrada, mas parecia vazio, corri os olhos pelas proximidades e fiz o cavalo trotar.
Logo avistei uma figura, ajoelhada na beira de uma cerca caída.

Lorena inclinava - se sobre algo e parecia aflita.
Aproximei ventania num trote manso, mas foi o bastante para lhe chamar a atenção,ela voltou-se e pela primeira vez pareceu satisfeita em me ver.




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