Capítulo Trinta E Oito

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Lorena 🌞

Quando fui para a escola naquela tarde, a resaca já tinha passado completamente,depois de passar a manhã na minha cama eu estava nova em folha.
Talvez um pouco mais confusa que o normal,culpa de um certo ogro que resolvera se fazer cada vez mais presente na minha vida, ao ponto de eu encontra-lo muito a vontade na minha cozinha.

Era muito frustrante não me lembrar de praticamente nada da noite passada,quando Pedro fora embora naquela manhã, eu voltara para meu quarto e antes de pegar no sono,ficara tentando me lembrar de como acabara voltando da quermesse com o homem que eu jurara odiar para sempre,mas que não saía dos meus pensamentos.

Me lembrei de uma de minhas heroínas românticas favorita,Elizabeth Bennett.

Lizzy também prometera odiar o arrogante Mr Darcy para sempre e acabara completamente apaixonada por ele.

Não que eu estivesse apaixonada por Pedro,por que eu não estava.
Só fazia a comparação porque assim como Lizzy não conseguira odiar o pomposo fitzwillian Darcy eu também não conseguia odiar Pedro,mesmo que tivéssemos tido um péssimo começo,mesmo ele tendo me dito coisas horríveis, eu simplesmente não conseguia odiá-lo, por mais que ele merecesse.

Estava tão perdida em pensamentos que só percebi que já estava diante do prédio da escola, quando uma turma homogênea de crianças veio correndo em minha direção,sorri diante da recepção calorosa e me abaixei para poder cumprimentar meus alunos, um a um.
Apesar do pouco tempo de convivência já me afeiçoara a eles,e eles a mim.

Um deles se ofereceu para carregar minha bolsa, dei as mãos para outros dois e fomos conversando animadadamente para a sala de aula, quando todos já estavam acomodados, comecei a fazer a chamada,parei em um nome e franzi o cenho quando todos gritaram, ausente.

-De novo-comentei, mais para mim do que para as crianças,vi um bracinho infantil se erguer no ar e assenti para que o a criança falasse.

Lucas um de meus alunos mais dedicados,se ergueu da cadeira.
- Eu vi o Tomás no sábado prof, ele disse que não vai mais vir na aula.

Fiquei perturbada com a informação,olhei a folha de chamada e contei as faltas de Tomás,já fazia mais de uma semana que ele não vinha a aula, aquilo era realmente estranho.
Iria levar aquele assunto até a direção assim que minha aula acabasse,devia ter um motivo sério para ele ter dito que não viria mais para a escola.

-Ele não é o único Lorena,o irmão também não tem vindo.
Dulce a diretora da escola, uma mulher de meia idade e olhar bondoso, falou.
Estavamos na sua sala e eu acabara de contar das faltas de Tomás.
Absorvi a informação que Dulce me passou.
-Mas os pais não mandaram nenhuma justificativa para as faltas?
Perguntei, a mulher negou com a cabeça.
-Nada,já liguei para eles quando uma das professoras do outro menino veio até mim falar das faltas, mas  não me atenderam.
Aquilo tudo era muito estranho,ficava me perguntando como seriam os país dessas crianças, já que não pareciam se importar que os filho estivessem faltando a tantas aulas.
-Qual é o nome do irmão do Tomás?
-Você conhece,foi com ele que Benjamim Mallmann brigou na saída da escola.
- Rafael Schumacher. Completei, haviam tantos Schumacher na escola que eu nem desconfiara que Tomás e Rafael fossem irmãos, mas saber que Tomás era irmão do garoto problemático que vivia arranjando confusão na escola só me fez ficar ainda mais desconfiada daquele sumisso repentino.
-Dulce, você poderia me autorizar a ir até a casa desses meninos conversar com os pais deles?
Os olhos da diretora se iluminaram e ela sorriu.
-Claro que autorizo querida. - falou- É sempre bom mostrar as crianças que nos importamos com elas.

Assenti satisfeita,era isso que eu pretendia fazer, mostrar a Tomás e também a Rafael Schumacher, que nos importavamos com eles.

Saí da escola e resolvi passar no supermercado antes de voltar para casa,por sorte havia um que ficava no meu caminho.

Naquele horário o lugar geralmente estava quase vazio,aproveitei para andar tranquilamente pelos corredores,fui direto a seção de congelados,era naqueles momentos que eu mais sentia falta da pousada,era a ótimo ter minha própria casa, mas voltar a viver com comida congelada era uma droga,e a comida caseira que Laura servia na pousada era maravilhosa.

Empilhei várias embalagens de congelados no meu carrinho e fui até a seção de hortifruite,me distrai escolhendo algumas frutas e ergui os olhos surpresa quando alguém esbarrou em mim.

Diana Müller me encarava com aquele sorriso que nunca chegava a seus olhos,o cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo e ela segurava uma cesta com verduras.

-Que surpresa encontrá-la aqui professora.
Não pude deixar de notar uma pitada de sarcasmo na voz da mulher quando ela pronunciou "professora" ou talvez fosse apenas implicância minha, já que não simpatizava com Diana desde do primeiro minuto em que fomos apresentadas.

Terminei de embalar algumas maçãs e as pus no carrinho de compras.
-Olá Diana - cumprimentei, a mulher voltou a sorrir,e  olhou indisfarçadamente para o conteúdo do meu carrinho, Balançou a cabeça em desagrado.
-Comida congelada não é nada saudável, querida. - ela comentou- Ah, mas tu não sabe cozinhar não é ,pude perceber por sua cesta na quermesse,desculpe falar, mas os alimentos não estavam com uma aparência muito boa.

Fiz um esforço sobre-humano para não revirar os olhos.
- Pode falar a vontade, não me importo.
Minha resposta saiu mais áspera do que eu pretendia.
-Mas o Joaquim não pareceu se importar - Diana prosseguiu, arqueei a sobrancelha, e a mulher baixou um pouco a voz como se estivéssemos falando de algum segredo- vocês estão juntos?
-O que?
Eu tinha escutado a pergunta, só não entendia aonde Diana queria chegar com aquele assunto.
-Tu e Quincas,passaram toda a quermesse juntos,achei que estivessem namorando,estou errada?

Aquela mulher era mesmo inacreditável.
-Sim, está errada- falei,vi o olhar doce sumir e uma expressão de desagrado surgir,durou pouco, porque ela logo voltou a sorrir amigável.
- Que pena,estar apaixonada é maravilhoso.
-Tenho certeza que sim.
Falei seca, querendo terminar o assunto, ela não deixou
-Eu digo isso por experiência própria-  continuou -  Acho que tu já sabe que Pedro e eu estamos apaixonados não é?

A mulher ficou vendo o efeito da suas palavras sobre mim,engoli em seco,a imagem dos dois juntos na quermesse, abraçados, voltou como um jato na minha cabeça.
-Acho que tu não sabia- a mulher voltou a falar comigo como se tivéssemos um segredo - É verdade, pensamos em nós casar em breve.

Fiquei sem reação,e Diana continuou falando do quanto estava apaixonada por Pedro,quando achei que não poderia mais ouvir sua voz, me despedi rapidamente e comecei a me afastar.

Olhei para trás por um momento, Diana me encarava com um sorriso triunfante.

Me senti uma completa tola por estar tão abalada,paguei as compras rapidamente e deixei o lugar,ansiosa pela segurança da minha casa, onde eu poderia por meus pensamentos no lugar.

Por mais que eu detestasse admitir saber que Pedro e Diana estavam juntos me deixara mais perturbada do que eu gostaria de admitir.











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