IV

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Valentina Albuquerque Mazzaro

Um dia meu filho está bem e no outro eu estou na carro de uma médica que conheci a horas atrás indo até o hospital com ele desacordado em meus braços.

Quando saímos de casa, a doutora pediu para entrarmos no carro dela pois seria mais fácil se chegássemos os três juntos no hospital. Creio que a doutora conseguiu boas multas no caminho já que sempre ultrapassava os sinais vermelhos. Quando chegamos a morena estaciona de qualquer forma na porta da emergência. Estava abrindo a porta para sair mas logo a porta é aberta por ela.

— Vem, eu te ajudo. - ela com todo o cuidado pega o pequeno ainda desacordado em meu colo e me espera sair para fechar a porta.

Começamos a ir juntas até a porta, quase correndo.

— EI, FÁTIMA! UMA MACA, RÁPIDO! - Luiza grita me assustando. Logo um homem alto aparece com uma maca na nossa frente e uma mulher vem atrás. Luiza deita o meu pequeno lá e começamos a andar até um leito. - Valentina, eu preciso fazer exames nele agora. Você pode esperar lá fora, tudo bem? - A mulher trás o jaleco da luiza que logo o coloca e em seguida segura em uma das minhas mãos. - Confia em mim?

— S-s-sim. - digo já sentindo as lágrimas voltarem ao meu rosto. Meu olhar desvia da mulher e olho para o pequeno ao lado que agora estava sem blusa e alguns fios na região do seu peito.

Novamente me vejo em um choro compulsivo e aqueles braços me envolvem mais uma vez naquela noite. Por algum motivo eu me sentia segura nos braços dela, ali eu conseguia chorar e liberar um pouco a dor que eu estava sentindo em ver meu filho daquela forma.

— Vai ficar tudo bem. Eu vou acompanhar ele nos primeiros dois exames e depois volto pra te dar notícias. Tudo bem? - quando me acalmo ela deixa um beijo na minha cabeça e me olha com carinho. Eu sorrio e levanto a mão para limpar minhas lágrimas mas ela é mais rápida. - Você quer chamar seu marido? Acho que você precisa de alguém com você.

— Tudo bem. Obrigada Lu! - abraço ela mais uma vez e ao perceber oque estava fazendo me afasto. - Luiza. Desculpa.

— Imagina. Senta e lá e toma um pouquinho de água, eu já volto! - ela se vira e fecha aquelas cortinas ficando apenas o pequeno e os médicos.

Me sento em uma das cadeiras e pego meu celular que estava na bolsa. Rapidamente seleciono o número do Gustavo e ligo. Chama, chama, chama e nada! Bufo e resolvo tentar mais uma vez.

16 tentativas falhas. Saco!

Deixo uma mensagem para ele no WhatsApp. "Gustavo, me liga quando conseguir. Preciso de você." Apenas um tracinho, nem com internet estava!

Desisto de tentar e resolvo seguir o conselho da Luiza; eu realmente precisava de alguém ali comigo. Então resolvo ligar para única pessoa que eu sei que estaria ali pra mim.

Ligação on.

— Valen? - escuto a voz do meu pai.

— Pai... - volto para o choro novamente.

— Ei filha, oque está acontecendo? - não conseguia falar nada, apenas meu choro que se intensificava ainda mais. E como um anjo, Luiza aparece na minha frente ainda de jaleco. Como essa mulher pode aparecer nos meus piores momentos? Talvez ela realmente é um anjo! - Valentina? -

— Licença Valen. - Luiza pega o celular da minha mão e olha para a tela. - Alô? - ela coloca o telefone na orelha.

— Quem é? - sussurro para a luiza o nome do meu pai enquanto tentava me acalmar.

— Olá seu Marcos, sou a Luiza. Médica do Nicolas. - luiza é interrompida.

— Médica? Onde minha filhas meu neto estão?

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