XXXI

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Pov Valentina Albuquerque.

— Não vai dar um beijo no seu marido?

Ele aproximou o rosto de mim e selou nossos lábios. Eu não conseguia me movimentar, parecia que algum botão em mim tinha sido desligado.

— Oque você está fazendo aqui? - digo quando ele se afasta de mim.

— Ué, eu moro aqui. - jogo minha bolsa na bancada e olho pra ele.

— Sério? Não parece. - eu ri e me encostei na parede de braços cruzados. - Você sumiu por dias Gustavo, posso dizer que até mesmo meses. Não atendia celular, não respondia mensagens... você simplesmente desapareceu sem dar uma notícia! - eu aumentava o tom de voz a cada palavra.

— Pode ir abaixando a voz pra falar comigo! - ele se aproximou de mim e apontou o dedo na minha cara.

— Você vai fazer oque?

— Você ta pensando que é quem pra falar assim comigo hein? - Ele virou o restante da bebida de uma vez. - Cadê o nosso filho?

— Você tá falando sério? - tudo que eu fiz foi rir.

— Eu to com cara de palhaço por acaso?

— O MEU filho, - dei ênfase no meu. - está no hospital.

— Qual foi agora? Achei que o pirralho tinha medo e você não levava ele pra lá. - isso só pode ser brincadeira com a minha cara.

— Nicolas está com leucemia Gustavo. - olhei no fundo dos olhos dele na espera de alguma reação diferente, mas nada. Ficamos em silêncio durante alguns segundos até que ele começasse a rir.

— Que frescura. - ele abre um dos armários e pega mais um pouco de bebida. - Deve ser só uma gripezinha e vocês com esse drama todo.

— Olha aqui, - me aproximei dele. - você não tem o direito de falar um A depois de passar tanto tempo fora.

— Eu já te disse pra abaixar o tom comigo! - ele agarrou meu braço de forma firma.

— Me solta... - ele intensificava o aperto no meu braço. - Gustavo, tá me machucando.

— Nunca mais levanta o tom comigo, tá entendendo? - ele me solta e eu solto um suspiro de alívio. - Cadê os funcionários dessa casa? Eu pago uma fortuna e não tem ninguém. - ele sai da cozinha e eu vou atrás.

— Eles estão de folga.

— E quem deixou? - ele me olha.

— Eu.

— Pois então pode ligar para os seus protegidos que eu quero os dois aqui, amanhã de manhã. - Ele mais uma vez vira todo a bebida e estica o copo pra mim. - To cansado, vou tomar um banho e te espero na cama.

— Eu não vou dormir aqui. - digo voltando para a cozinha.

— Vamos ver Valentina. Se em 20 minutos você não chegar, já sabe muito bem oque vai acontecer.

Eu entro na cozinha e escuto os passos dele subindo as escadas, minha única certeza era que eu não ficava mais um segundo aqui junto com ele.

Peguei minha bolsa e saí correndo dali, entrando no carro da Manu e indo para o único lugar que poderia ir agora; a casa da Luiza.

Durante o caminho eu sei que peguei algumas multas por ultrapassar sinais e também porque passar dos de velocidade, mas eu não me importava.

Por sorte encontrei uma vaga bem na porta do prédio, então logo estacionei o carro e desci. Toquei na portaria e o senhor logo me liberou.

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