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Por alguns segundos, fico congelada. Parece que esqueci como se beija.

Tanto tempo já se passou desde que essa deixou de ser uma atividade cotidiana.

Parecendo não se importar, ele usa a língua para explicar as regras.

O Jogo do Beijo funciona assim, Moranguinho: Pressione, recolha, incline, respire, repita. Use as mãos para encontrar o ângulo. Solte-se até sentir o deslizar lento e úmido. Está ouvindo seu sangue pulsar nos ouvidos?

Sobreviva com pequenas lufadas de ar. Não pare. Não pense em parar. Deixe um suspiro escapar, afaste-se, deixe o oponente capturá-la com os lábios ou os dentes e relaxe em uma sensação ainda mais profunda. Mais úmida. Sinta suas terminações nervosas ganharem vida a cada toque de língua. Sinta um novo peso entre as pernas.

O objetivo do jogo é fazer isso pelo resto da sua vida. Que se dane a civilização humana e tudo o que ela significa. Agora, esse elevador é nossa casa.
Agora, isso é o que fazemos.

Porra, não pare.

Ele está disposto a me testar, então se afasta por um instante. A regra básica foi desobedecida. Puxo sua boca de volta para perto da minha, mantendo a mão fechada no colarinho de sua camisa. Sou uma aluna que aprende rápido e ele é o professor perfeito.

O beijo tem o sabor daquelas balinhas que ele vive chupando. Quem no mundo chupa bala de menta? Experimentei uma vez, mas queimaram minha boca. Ele faz isso para me irritar. Já percebi a diversão em seus olhos ao me ver irritada.

Agora eu o mordisco em retaliação, mas isso o faz chegar mais perto de mim, com o corpo rígido, esquentando todos os pontos de contato entre nós. Nossos dentes se encostam.

Que porra é essa que está acontecendo?, questiono silenciosamente com meu beijo.

Cala a boca, Moranguinho. Eu te odeio.

Se fôssemos atores em um filme, eu estaria trombando com as paredes, botões se abrindo, minha meia arrastão toda rasgada, meus sapatos caindo.
Em vez disso, esse beijo é decadente. Estamos apoiados em uma parede banhada pelo sol, chupando sorvete de casquinha, rapidamente sucumbindo ao calor e às alucinações que não fazem o menor sentido.

Aqui, chegue um pouco mais perto, está tudo derretendo. Dê uma lambida no meu e eu sem dúvida vou lamber o seu.

A gravidade me agarra pelo tornozelo e começa a me arrastar pelo corrimão.

Louis me ancora ainda mais com a mão na parte traseira da minha coxa. Ao deixar de sentir sua boca por um breve segundo, rosno em frustração. Volte aqui, seu quebrador de regras. Ele é inteligente o suficiente para obedecer.

O som que ele emite em resposta é como um “ahh”. O tipo de som que as pessoas deixam escapar quando descobrem algo inesperado e agradável.

Aquele som de “eu deveria ter imaginado”. Seus lábios se curvam e eu lhe toco o rosto. O primeiro sorriso que Louis exibiu em minha presença está junto ao meu lábio. Espantada, eu me afasto. E, em um milésimo de segundo, seu rosto aparece outra vez sério, mas dessa vez enrubescido.

Um chiado duro sai do autofalante do elevador e nós dois nos assustamos.

– Está tudo bem aí?

Ficamos congelados. Flagrante. Louis reage primeiro, inclinando o corpo para apertar o botão no painel.

– Trombei com o botão.

Lentamente me coloca de volta no chão e se afasta um pouco. Apoio o cotovelo no corrimão e minhas pernas deslizam como se eu estivesse de patins.

– Que porra foi essa? – chio com o ar que me resta.

– Subsolo, por favor.

– Está bem.

O elevador desliza por cerca de 1 metro e a porta se abre. Se tivéssemos esperado mais meio segundo, essa situação jamais teria acontecido. Meu casaco está caído no chão e ele o pega e o limpa com um cuidado surpreendente.

– Venha.

Louis sai do elevador sem olhar para trás. Meus brincos estão presos em meus cabelos, que foram bagunçados pelas mãos grandes de Louis.

Procuro uma saída: nenhuma. As portas do elevador se fecham atrás de mim.

Louis destranca um carro esportivo preto e arrogante e, quando chego à porta do passageiro, encaramos um ao outro. Meus olhos são como ovos fritos. Ele vira o rosto para tentar evitar que eu o veja rindo, mas consigo notar seus dentes brancos no reflexo no retrovisor de uma van.

– Ah, meu Deus – ele diz com uma voz arrastada, virando-se, esfregando a mão no rosto para apagar aquele sorriso. – Eu a traumatizei.

– O que… O que…?

– Vamos.

Quero sair correndo, mas minhas pernas parecem incapazes de sequer me sustentar.

– Nem pense nisso – ele me diz.

Do nada né kakakakakakajhaja

Beijão💋

O jogo do amor "Ódio"!   Louis Partridge Onde histórias criam vida. Descubra agora